Segundo ON
É provável que Glauco Pinto de Moraes seja uma das figuras mais ilustres que Passo Fundo já concebeu. Apesar de pouco reconhecido, talvez por sua arte complexa demais para se popularizar facilmente, talvez por se tratar justamente de um artista plástico - lazer, profissão e dom ingratos, já que só são valorizados depois de muito tempo e com muito custo -, ele se tornou um dos mais brilhantes pintores de sua época e conquistou o Brasil junto com outros gaúchos como o escultor austríaco naturalizado brasileiro Xico Stockinger e aquele que hoje dá nome a um dos mais belo museus do país, o gravurista Iberê Camargo.
Nascido em Passo Fundo em 1928, se tornou pintor e desenhista autodidata, e participou de exposições a partir da década de 1960. Aliando extrema sensibilidade a uma técnica apurada, também difundiu seu trabalho por meio de técnicas gráficas, como a serigrafia e a litografia, obtendo sucesso entre o público e a crítica de arte. Considerando o autorretrato um gênero pictório que acompanha o ser humano em seu desejo de registrar sua própria existência, retratou-se inúmeras vezes, e criou diversos heterônimos - espécies de pseudônimos que constituem uma personalidade -, assinando obras com os nomes Antônio Magalhães e Egon Walter.
Um pouco dessa riqueza de ideias pode ser vista na mostra Os Muitos Glaucos, em exposição no Museu de Artes Visuais Ruth Schneider até o dia 31 de outubro. Recebidas por doação de Frederico Dias Cruz e Cloé Gomes Rodrigues, as 15 obras inéditas variam entre desenhos e pinturas nas quais Glauco não só apresenta sua imagem, mas transmite sensações de complexidade psicológica, sendo possível perceber sua imagem externa, a maneira de ver a arte e a si próprio através dos traços, das cores e das texturas. A visitação é aberta ao público de terças a sextas-feiras, das 9h às 18h, e aos sábados e domingos, das 14h às 18h.