Ele não parou um segundo.Nem quando estava na primeira fila da plateia, nem mesmo quando foi promovido ao palco, não parou de se mexer ou puxar assunto com quem estava por perto, rindo, fazendo careta, aplaudindo os outros e se preparando para o momento do seu discurso. Quando assumiu o púlpito, depois das demais autoridades e homenageados
da 24ª Feira do Livro de Passo Fundo, despejou no público a saraivada de palavras que estava lhe agitando por dentro até poucos minutos atrás. Estava explicada a angústia traduzida em gestos:tinha apenas 3 minutos para falar mas, como ele mesmo disse, precisava de uns bons 90.Não podendo, disparou uma versão extremamente acelerada de algo que mais pareceu uma improvisação, um exemplo de “prosódia bop espontânea” como fazia Jack Kerouac no auge da literatura beat, executando aquele que foi provavelmente o discurso mais empolgante e engraçado da história do evento. Ele, claro, Eduardo
Bueno – o famoso Peninha. Patrono da nossa feira. Figura ilustre do primeiro dia, o jornalista exerceu seu estilo característico – rápido, falador, brincalhão, irônico e ácido de vez em quando – falando dos seus editores que não deveriam estar nada felizes de lhe ver passeando por Passo Fundo no lugar de estar em casa produzindo os dois livros que lhes deve, passando logo para suas considerações a respeito do trigo e da soja e da importância e não-importância de ambos para a humanidade,alguns cômicos desabafos magoados a respeito de convites jamais feitos e a explicação para estar na Feira do Livro e não na Jornada: sempre foi underground, meio assim “lado B”. Preferia mesmo estar ali, na rua, perto do povo. Assim, arrancando risos da plateia quase lotada, Peninha dividiu atenções com o Educador Emérito desta edição, Ironi Andrade, e com várias autoridades presentes, entre elas o prefeito Airton Dipp, o presidente da Câmara de Vereadores Juliano Roso e o deputado Luciano Azevedo, todos citados no emocionado discurso de Paulo Afonso Eberhardt, presidente da Associação de Livreiros de Passo Fundo, entidade organizadora do evento. Na sequência, aconteceu na praça Marechal Floriano a palestra de Laurentino Gomes sobre seu novo best-seller, o livro 1822, primeira de uma série que se estende até o próximo domingo. Na tarde deste sábado, às 16h, quem sobe ao palco é o patrono Eduardo Bueno, para debate sobre a nova edição do livro Brasil: Uma história.
Você confere a matéria completa na edição impressa de ON e ainda a entrevista com o patrono da feira no Segundo Caderno