Segundo ON
Faz calor na 24ª Feira do Livro de Passo Fundo. É de se imaginar que, se de repente aqueles livros todos ganhassem vida – mais móvel e caricata do que aquela vida que eles já têm -, a primeira reclamação seria o aperto abafado das prateleiras e a bagunça habitual dos balaios, uma gritaria de personagens invertendo papéis, abanando uns aos outros com suas páginas, o fervor de uma grande multidão apertada em 34 graus de um verão que ainda nem começou. Mas todo novembro tem feira e todo ano é assim, quente, agitado e entrecortado por um temporal. Vilão de algumas edições passadas, o temporal da vez deve chegar entre hoje e amanhã, mas já vem consciente de que tem cada vez menos chances de atrapalhar a feira: sua estrutura física só melhora com o tempo e a chuva já não parece mais ser problema – talvez a refrescante solução.
A despeito das mudanças climáticas que assolam Passo Fundo de forma cada vez mais imprevisível, mas já fazem parte do clima do evento, a segunda-feira transcorreu como um típico dia de Feira. Crianças dançando no palco, autores dividindo-se entre palestras e autógrafos, as sessões de contação de histórias de Rodrigo Calistro animando os alunos das escolas presentes e gente circulando no corredor de livrarias com uma curiosidade que talvez não aflorasse assim se os exemplares estivessem distanciados deles por uma vitrine. Cumprindo seu papel de levar a literatura à praça, um símbolo do popular e do democrático, a edição deste ano vai ainda mais longe: além de oferecer bons descontos em livros novos e bons títulos em sebos improvisados, a feira elegeu como Amigo do Livro o Espaço Lúdico e de Atendimento Pedagógico do Hospital São Vicente de Paulo, aproveitando para propor ao público que doe livros por uma boa causa.
Compre um livro, doe outro
Difícil quem não tenha um livro em casa. Mesmo aqueles que não têm o hábito da leitura, e estes mais ainda, têm sempre uma pilha de exemplares em algum canto, muitas vezes sobrando. É daí que surge o singelo apelo da Associação dos Livreiros de Passo Fundo, organizadora da feira: arrecadar livros para doação à biblioteca do Espaço Lúdico. Para a professora Rosana Farenzena, coordenadora do projeto realizado pelo hospital em parceria com UPF há oito anos, o convite trouxe alegria e ainda mais estímulo para a equipe. “Esses gestos nos estimulam a prosseguir nos esforços da educação na infância, mesmo que num contexto de adversidade, vivenciado pelo enfrentamento da condição de doença”, explica, referindo-se ao trabalho educacional e recreacional realizado com crianças hospitalizadas. Além da arrecadação dos próprios estandes da feira, as livrarias participantes também estão recebendo doações.