Segundo ON
Quando um homem profundamente apaixonado pela beleza feminina vem ao Brasil, deve sentir-se no paraíso. A mistura mais interessante do mundo, o país conhecido por exportar modelos de todos os estilos, a nação que faz da graça incomparável de suas mulheres um de seus maiores orgulhos. No país desde a última segunda-feira, o italiano Milo Manara veio conferir de perto o que é que a brasileira tem. Célebre autor de quadrinhos eróticos europeus, o quadrinista mostrou-se satisfeito. “Aquilo que nós italianos fantasiamos vem das imagens do Carnaval: corpos atléticos, ligeiramente andróginos, mas de uma beleza absoluta”, declarou.
Na capital carioca para participação no Rio Comicon 2010 – megaevento dedicado à nona arte nos mesmos moldes do NY e San Diego Comic-Con -, o autor de clássicos como Verão Índio e a série Clic falou de corpos femininos, mas não somente disso. “Na realidade, a gente sabe que o Brasil é muito diverso. O fato de terem eleito uma presidente mulher é algo que na Itália nunca aconteceria”, observa. “E tem acontecido em toda a América Latina, no Chile, na Argentina... São todos sinais de uma grande abertura, do fato de que o futuro é aqui, não é na Europa”, elogiou o autor, demonstrando conhecimento por trás da malícia que o caracteriza.
Provando estarem errados aqueles que acham que seu estilo de trabalho o torna alguém conivente com a pornografia, a vulgarização e a banalização da imagem feminina, Manara critica a atual geração de mulheres italianas. “A maior parte das garotas bonitas sonha em ser estrela televisiva, mas sem recitar uma fala. Só para se mostrar, ser admirada e ficar famosa”, lamenta. “E o mais grave é que a presença dessas garotas tem como objetivo aumentar a audiência e o preço da publicidade. É uma operação comercial, bastante próxima da mentalidade da prostituição. Não que as garotas sejam, mas a mentalidade de usar o corpo de uma bela mulher para se ganhar mais dinheiro, eu acho isso muito vulgar e grave.”
Apesar da presença constante de nudez e sensualidade em suas histórias, Manara encara seu trabalho como uma homenagem e uma celebração à mulher, jamais uma desvalorização. “Na realidade, não penso que haja muita diferença entre erotismo e pornografia que não a intenção de quem o faz. E se a sua reposta for somente um monte de páginas estampadas só para fazer um pouco de dinheiro, eu chamo de pornografia. Se, em vez disso, se busca falar verdadeiramente de erotismo, aí eu chamo de erotismo”, define o desenhista, que cria figuras inspiradas em musas como Sophia Loren e Brigitte Bardot. Para quem não vai acompanhar de perto a passagem de Milo Manara pelo Brasil – ele participa da Rio Comicon às 19h deste sábado, e passa por São Paulo no dia 18 -, um bom jeito de conhecer sua obra é com a edição completa de Clic, recém publicada pela editora Conrad em função da sua vinda.