Porque esse sonho não acabou

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Os Beatles terminaram em 1970, mas Paul McCartney mantém uma chama dessa história acesa até hoje. Depois do show histórico realizado em Porto Alegre no último domingo, fãs passo-fundenses contam como foi ver o músico de perto, sendo unânimes na (in)definição: “foi algo indescritível”

O melhor amigo
    “Sou fã dos Beatles desde 1995 e essa foi a primeira oportunidade da minha vida de conferir o espetáculo de um deles. Os Beatles são a melhor e a maior banda de todos os tempos. Então, o show do Paul TEM que ser o melhor e maior de todos! Já fui em várias apresentações descomunais: Strokes, Deep Purple, Acarde Fire, Rush, Supergrass, Mutantes com o Arnaldo, Bob Dylan, Rolling Stones... Mas absolutamente NADA se comparou ao mega espetáculo proporcionado pelo único e incomparável Paul McCartney! Consegue entender? Um dos quatro cavaleiros do apocalipse! O melhor amigo do John Lennon! Da escolha do repertório ao clima que pairava sob a plateia, estava tudo perfeito! Nem sei dizer qual foi o ponto alto. Um dos Beatles veio até ali tocar para aquela multidão algumas das canções que ele havia escrito. Isso fez com que os ouvidos de todos, até de quem estava lá no último lugar do estádio, fosse Premium. Entrou para a história!” Rodrigo de Andrade, editor do site de jornalismo e contracultura Os Armênios (www.osarmenios.com.br)

Não é desse mundo

    “A palavra mais adequada é aquela foi mais pronunciada – indescritível. O meu balizador foram as lágrimas dos adolescentes. Ali, nas três horas, passaram-se cinquenta anos de paixão. Passaram nossa infância e adolescência, nossos amores, as reuniões dançantes. Passaram as ideias reformadoras de John, a espiritualidade de Harrison, o ponto de equilíbrio de acomodar genialidades de Ringo. A competente banda de McCartney salientou o enorme talento musical do beatle, sem falar no carisma e na sua resistência física. Mas, afinal é um beatle, é um deus, não é desse mundo” Jorge Anunciação, médico e colunista de ON

Morrer em paz
    “Escuto os Beatles desde os 12 anos de idade. Portanto, fazem 47 anos que ando querendo assistir ao vivo os Beatles e nunca havia conseguido, então agora pelo menos o Paul consegui ver a menos de 150 metros de onde eu estava, consegui tirar fotos e curtir todas as músicas dele que a gente tem em casa, tenho uma coleção completa em vinil, em CD, em DVD, é uma grande paixão. Foi uma coisa incrível, eu nunca ouvi falar de um show onde ele interagisse tanto com o público, ele trouxe um carisma maior do que ele já tem para os gaúchos. Chorei, me arrepiei, foi uma daquelas experiências que, depois, dá para morrer em paz. Meu filho, que estava comigo, foi criado com Beatles, tem 27 anos, e eu tenho 61, então são gerações totalmente diferentes que vão levando essa herança. Quando ele tocou Hey Jude, foi impressionante pois todo mundo cantou junto, ele expandiu a canção por quase 15 minutos, foi emocionante. Legal também foi ver gente nova apaixonada pelos Beatles, uma prova viva de que algo tão forte assim não morre nunca”, Antônio Carlos Homerich, engenheiro agrônomo

Uma das nossas no dia histórico

    A jornalista Daiane Colla, editora de projetos especiais do Jornal O Nacional, esteve entre as milhares de pessoas que presenciaram a passagem de Paul pela capital gaúcha, e conta com emoção a experiência que, como todos que estiveram lá explicam, é indescritível.

Eu sobrevivi!
    Quem me conhece imaginou que eu não iria sobreviver à tamanha emoção. A Raquel minha amiga, estava realmente preocupada. Ver de perto Sir Paul McCartney, o maior ícone vivo da música mundial, era um sonho antigo. O sonho me perseguia há muitos anos e passou a me consumir quando Paul reuniu essa fantástica banda e não parou de fazer shows e turnês. Pensava comigo: um dia vai dar. E deu. Quando anunciaram a vinda dele a Porto Alegre quase surtei (meus colegas de redação sabem do que estou falando) e quando não consegui comprar um ingresso no lote da pré-venda, fiquei tão arrasada, que mais parecia ter pedido um amigo próximo.
    O Jean – meu maridão e companheiro nas empreitadas sonoras – madrugou na fila do Beira-Rio para comprar os ingressos do lote normal, enquanto eu, de casa, fazia sucessivas compras pela internet com medo de ficar sem ingresso. Por fim tudo deu certo e os ingressos eram nossos (e de mais uns 12 amigos que foram beneficiados pelo nosso temor). Fiz essa enorme introdução para dizer que ainda não consigo colocar no papel todos os sentimentos que me açoitaram naquela inesquecível noite de 7 de novembro de 2010. Nem o calor e a espera de sete horas (pequena, se comparada aos meus 27 anos de paulmaníaca) me desanimaram. Faz tão pouco tempo, que as lágrimas insistem em vir aos meus olhos cada vez que tento escrever alguma coisa. Nesse momento elas rolam do meu rosto. Ver tão de perto o meu maior ídolo e responsável por grande parte da trilha sonora da minha vida (Maybe I´m Amazed foi a “valsa” do meu casamento!) é uma emoção impossível de descrever. Impossível de verdade.
    O que aconteceu comigo e com quase 60 mil pessoas que cantaram em coro todas as músicas tocadas por Paul McCartney é inenarrável, inexplicável, incompreensível. Somente quem esteve lá pode sentir essa emoção. Sentir e deixar cada nota de The Long Winding Road, My Love, Blackbird, Here Today, Band on the Run, Jet, Let it Be e tantas outras músicas incríveis, tocar seu coração é algo único. E todas as músicas de Paul McCartney têm esse poder: de tocar os labirintos mais profundos do seu coração e te emocionar a cada melodia. Quem viu sabe do que estou falando. Por fim: fui, vi e sobrevivi para ver Paul McCartney pelo menos mais uma vez.

P.S: Amo Beatles e Paul muito mais do que Rolling Stones, mas não resisti e gritei Satisfaction durante Helter Skelter! Quem assistiu o Live at the Cavern Club sabe do que estou falando.

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