O incrível fim de Mario Monicelli

Gênio da comédia italiana, cineasta se suicidou no início desta semana, aos 95 anos, deixando para trás clássicos como A grande guerra e O incrível exército de Brancaleone

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Segundo ON

    Como quem deseja fazer da própria morte o desfecho da maior das tragicomédias, Mario Monicelli atirou-se da janela do quinto andar do hospital que habitava em Roma, acabando com 95 anos de uma vida brilhante e alguns meses de sofrimento em fase terminal. Internado em função de um câncer de próstata, o importante cineasta italiano cometeu suidício na última segunda-feira, 29, apenas quatro anos após seu último filme, Le Rose del Deserto. Nascido em 15 de maio de 1915, na Toscana, inaugurou a chamada commedia all'italiana com o filme Os eternos desconhecidos, de 1958, e no ano seguinte ganhou o Leão de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza por A grande guerra, que rendeu também sua primeira indicação ao Oscar.

    Reconhecido como um dos maiores gênios do cinema italiano, trabalhou com os maiores do país, entre eles Vittorio de Sica, Sophia Loren, Ugo Tgnazzie e Alberto Sordi, e dirigiu filmes famosos por sua irreverência e acidez, como Meus caros amigos, Quinteto irreverente, Boccaccio '70 e Casanova '70, além do célebre O incrível exército de Brancaleone, de 1966, que conta a história de um cômico cavaleiro ao estilo Dom Quixote, contratado como líder de um grupo que ruma em direção ao suposto “reino dos sonhos” de Aurocastro, numa viagem mais tortuosa do que planejava.

    Com o seu humor cáustico e quase selvagem, Monicelli foi "o autor de uma gigantesca comédia humana dos italianos",  como definiu o jornalista Curzio Maltese. Ele próprio dizia que a comédia italiana é "irônica, por vezes amarga e em alguns casos mesmo dramática, trágica”, revelando uma profundidade quase triste em sua graça. Há alguns anos, confessou a Curzio Maltese: "Se me visse obrigado a viver uma vida que não é vida, acabaria eu próprio com ela”. Provavelmente, foi exatamente o que aconteceu.

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