Termômetro cultural

O Segundo retorna traçando um roteiro do que o Sesc prepara para março e abril

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Marina de Campos

Os pessimistas interioranos sentem necessidade de comparar as opções de cultura local com as dos grandes centros. “Mas em Curitiba nem se compara. São Paulo, então...”, dizem eles, esquecendo de medir com a mesma precisão algumas diferenças básicas como tamanho e população. Ninguém nega o paraíso que são essas capitais com seus dias lotados das mais variadas programações artísticas e as noites dominadas por shows e apresentações da melhor qualidade. A questão não é essa. A questão é que, para uma cidade do interior do extremo sul do país, com menos de duzentos mil habitantes e um grande punhado desses mesmos pessimistas, estamos mais do que bem servidos.

    Por exemplo: somente em março e abril, meses em que geralmente o mundo está apenas aquecendo os motores para o segundo semestre, Passo Fundo vai ter, no mínimo, uma atividade cultural a cada dois dias. E isso apenas dentro da agenda do Sesc. A entidade, principal promotora de cultura no município, capricha trazendo bons espetáculos desde o início. Destaque da programação de abril, a peça O matador de Santas tem texto inédito de Jô Bilac e direção do ator Guilherme Leme, que já esteve na cidade com a peça Quartett, ao lado de Beth Goulart. Com produção carioca, o espetáculo é protagonizado por duas estrelas: Angela Vieira e Tonico Pereira. Ainda no teatro, outras aclamadas atrações como o gaúcho Clube do Fracasso e o paulista Um ser tão ser, da companhia Buraco D’Oráculo.

    Mesmo sendo o grande foco do Sesc para este ano, o teatro não é a única área cheia de opções nos próximos meses. Serão cinco espetáculos musicais, três sessões de cinema - uma delas do filme Cafundó, com elogiada atuação de Lázaro Ramos –, duas mostras de arte no hall de exposições da unidade e dois encontros com escritores nacionais dentro do projeto Livro do Mês da Capital Nacional da Literatura, em parceria com a prefeitura e com a UPF. Não bastasse isso, o Sesc ainda oferece atividades alternativas, como o happy hour na cafeteria, que nesta edição conta com o músico Rafael Braz, e as oficinas de teatro ministradas por Desdemona Aires e Mônica Novello, voltadas aos associados do clube Sesc Maturidade Ativa. É assim, juntando toda a programação em um mesmo painel, que se percebe a abundância de cultura à nossa disposição. Num olhar geral, a primeira agenda do ano é um excelente motivo para se ter otimismo.

O público quer teatro

    Apesar dos bons números, todo mundo sabe que a cultura é uma via de mão dupla. Quanto maior o número de público para as atividades promovidas pelo Sesc, mais possibilidade a unidade local tem de integrar os roteiros nacionais.  E, seguindo esse mesmo pensamento, se descobre que não é de graça o aumento do número de atividades culturais no início desse semestre, mas especificamente em relação ao teatro.

    Quem explica isso é Lisângela Antonini, gerente da unidade do Sesc Passo Fundo. “Durante o ano de 2010 pudemos perceber um crescimento significativo de público nos espetáculos teatrais. Antes tínhamos uma média de 80 pessoas na plateia, agora a expectativa tem sido de no mínimo 150 pessoas por apresentação, isso para não falar das noites de sala lotada (o teatro tem capacidade para 350 pessoas)”, esclarece a gerente.

    “Isso é a maior prova de que as pessoas estão adquirindo o hábito de ir ao teatro, e isso é decisivo na hora de definir o perfil do nosso público. Diferente do que imaginávamos, o teatro tem se mostrado mais popular que os espetáculos de música, um fator que nos chama atenção e faz com que modifiquemos os rumos do nosso trabalho”.

    Ela explica que, por conta desses percentuais, houve um direcionamento dentro do planejamento para 2011. “Além de ter atividades muito intensas da agenda nacional e regional, agora vamos ter recursos voltados também à produção local, incentivando essa área no município. Também vamos contar com dois novos circuitos, o Circuito Universitário e o projeto gratuito Teatro a mil”, acrescenta. Para concluir, Lisângela deixa claro: “É uma maturidade que adquirimos, e tudo graças a essa demanda de público que só vem crescendo”.

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