Confissões de uma garota de programa

Bruna Surfistinha estreia em Passo Fundo

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Marina de Campos

   Um milhão e meio de brasileiros já viram Bruna Surfistinha sem roupa. Levada às telas pelo diretor Marcus Baldini, a história da garota de programa mais famosa do país chega às salas de Passo Fundo trazendo Deborah Secco em seu melhor papel. “É a personagem da minha vida”, diz a atriz, afirmando nunca ter se entregado de forma tão intensa a um trabalho. “Assim como ela, nunca fui a garota mais popular do colégio, embora ninguém acredite”. Difícil de acreditar. Incorporando com maestria desde a lolita dos primeiros meses até o mulherão do auge, ela exibe a transformação de uma estudante comum de classe média em um dos fenômenos pop mais controversos do Brasil. Enquanto alguns enxergam o potencial de um roteiro ousado, baseado nas memórias de Raquel Pacheco publicadas no best-seller O doce veneno do escorpião, outros discriminam o fato de o cinema brasileiro voltar seu olhar a uma trama taxada de apelativa e superficial.
   Preconceitos e moralidades à parte, o filme que já é sucesso de bilheteria chama atenção para outra possibilidade: a ampliação de gêneros dentro do cinema nacional. Enquanto os anos 90 estiveram voltados aos longas com temática social – como O que é isso, companheiro? e Central do Brasil -, os anos 2000 iniciaram uma caminhada rumo à libertação. Já se vêem comédias como Se eu fosse você, filmes adolescentes no estilo de As melhores coisas do mundo e clássicos instantâneos de ação como Tropa de Elite, oferecendo mais poder de escolha ao espectador, independente do grau de intelectualidade de cada produção. Para aqueles que cobram homenagens a figuras importantes no lugar de cinebiografias de personagens como o de Bruna, o contra-argumento é fácil: Hollywood se tornou a maior indústria cinematográfica do mundo retratando mafiosos, ladrões de banco, vigaristas, criminosos, prostitutas e toda sorte de papéis amorais, colocando apenas um pouco de glamour em suas trajetórias.
   É o que faz Bruna Surfistinha. A vida da prostituta que criou um blog e acabou se tornando nacionalmente conhecida ganha ritmo interessante nos 109 minutos filmados por Baldini, e encontra espaço para se firmar no bom elenco de apoio formado por Drica Moraes e Cassio Gabus Mendes, ou ainda na trilha sonora de luxo que conta com Zombies e Radiohead. “Eles estavam preocupados com o conteúdo do filme e queriam entendê-lo. Depois elogiaram muito, inclusive a atuação da Deborah. Deram até um desconto”, brinca o diretor ao falar da exibição do longa à banda britânica que liberou a faixa Fake plastic trees.

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