Crítica de cinema - A Rede Social

Crítica de Daniel Dalpizzolo, do site Cineplayers - www.cineplayers.com

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A Rede Social já  não é mais segredo para ninguém, mas antes de seu lançamento, ao final de 2010, a polêmica acerca deste filme de David Fincher era gigantesca. Uma polêmica que, de certa forma, se deu às avessas: muito mais em torno do projeto em construção (cujo mérito anunciado era o de revelar fatos obscuros por trás da criação do Facebook, a mais famosa rede social da internet) do que de seu resultado final.   
Isto porque, embora aclamado por crítica e público, A Rede Social possui uma narrativa muito sóbria e clássica, que contraria a linha de outros sucessos norte-americanos como Cisne Negro ou A Origem, filmes que almejam deslumbrar nosso olhar de cena em cena. Assim acaba passando ao largo da classificação “ame ou odeie” e se firmando através de uma adoração fria, mais racional – e muito merecida.   
Mesmo sem grandes cenas isoladas ou clímaxes acachapantes, o que impressiona em A Rede Social é justamente a precisão com que Fincher, a exemplo do que fez ao fim dos anos 90 com Clube da Luta e a onda pós-yankee estadunidense, radiografa a geração nerd-internética e filma um documento da década que passou, dos valores que cercam as relações humanas nestes tempos de império das redes sociais da web.   
Documento que se basta pela observação, que não condena as posturas registradas nem muito menos compactua com elas, apenas busca compreendê-las e contextualizá-las. Mark Zuckerberg, na personificação de Jesse Eisenberg, se torna no filme o símbolo de uma geração que cresce cada vez mais plugada com o mundo e, ao mesmo tempo, parece também se distanciar dele – ao menos da forma como conhecíamos.  
Por conta disso a maior sacada é mesmo iniciar A Rede Social com a ruptura de um namoro e fazer disso o propulsor de algo tão imenso e tão próximo de nós como o Facebook. Ao final descobre-se, ao som da irônica Baby You’re a Rich Man, dos Beatles, o segredo da criação da rede social: um nariz torto por um relacionamento fracassado. Na proporção descontrolada que toma, um legítimo sinal dos nossos tempos.

 

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