Marina de Campos
Poderia ser uma típica pegadinha de 1º de Abril o fato de se apresentar por aqui um badalado espetáculo nacional cheio de atores famosos, tanto quanto o fato de não haver mais ingressos para a tal sessão. Mas é verdade: desde a metade da semana estão esgotados os bilhetes para a peça O Matador de Santas, atração nacional promovida pelo Sesc na noite desta sexta-feira, e responsável por trazer a Passo Fundo ninguém menos que Angela Vieira e Tonico Pereira.
Extremamente elogiada no papel de uma mulher ácida e controladora, a atriz mostra ao público gaúcho um lado diferente daquele visto nas novelas da televisão. Como acontece com muitos outros atores – inclusive com Guilherme Leme, diretor da peça -, o talento para o palco é desconhecido da grande maioria, e o que fica na memória são apenas os papéis em horário nobre da Globo. Quando a peça começa, se dá a surpresa: descobrimos atuações viscerais, de personagens fortes e complexos, daqueles de carne e osso que só o teatro é capaz de criar. Atuações matadoras, como têm sido consideradas as do elenco em questão.
Para a atriz, a experiência tem sido estimulante. “Se trata de um espetáculo de alta qualidade que faz rir, refletir e emociona o espectador. Nossa ficha técnica e elenco, modéstia à parte, são maravilhosos, tivemos ótimas críticas no Rio. Tem sido estimulante e gratificante”, explica Angela, sem poupar elogios aos companheiros. “Guilherme é muito talentoso, tem uma modernidade que me agrada demais, é um esteta além de ser um ótimo diretor de ator. E o Jô me fascina pelo talento que tem com apenas 26 anos”, completa a protagonista, se referindo ao diretor e ao autor do texto, o jovem dramaturgo Jô Bilac. O excelente time é completado pela luxuosa participação de Tonico Pereira – o hilário Mendonça de A Grande Família -, e os jovens Izabella Bicalho e Rafael Sieg.
Munido de referências atraentes a Nelson Rodrigues, Pedro Almodóvar e David Lachapelle, O Matador de Santas apresenta um melodrama tragicômico em torno de Jorgina, uma mulher de meia idade que não se contenta em infernizar a vida de sua família com suas neuroses: passa também a desconfiar que seu vizinho seja um assassino. Sobre os pontos em comum com a personagem, a atriz é sincera. “Até tenho tendência a ser controladora sim, mas nada como uma boa terapia para cuidar disso”, admite entre risos.
Assista!
O Matador de Santas,
de Guilherme Leme
Próxima sexta, 1 de abril,
no Teatro do Sesc, às 20h