O conflito central de Sexo Sem Compromisso é um velho clichê da vida – bem mais do que dos filmes. Podem dois amigos fazer sexo regularmente sem manterem um relacionamento estável entre si? Ou ainda: sem se apaixonarem um pelo outro?
É desta aposta que partem nossos protagonistas, interpretados por Ashton Kutcher e pela recentemente oscarizada Natalie Portman. Ambos se conhecem na infância, se reencontram na adolescência e acabam finalmente se beijando – e em seguida transando – depois de formados e empregados na bela cidade de Los Angeles.
As situações construídas acerca deste conflito e dos diversos personagens estereotipados que os cercam vagam entre aquilo que já foi visto em tantos outros filmes e, nos momentos mais interessantes, se sobressaem com algumas tiradas cômicas bem funcionais – como o clipe em que mostra o casal transando em diversos lugares diferentes. Mas Ivan Reitman, diretor de comédias inesquecíveis como Os Caça-Fantasmas, não faz mais que o básico para que um filme do gênero valha como passatempo instantâneo.
O que transforma Sexo Sem Compromisso em um filme minimamente aceitável, porém, é a personagem de Natalie Portman e como Reitman consegue filmá-la sem uniformizá-la neste mundo de estereótipos. As barreiras sentimentais que a personagem constroi contra os relacionamentos amorosos não partem de afetações ou imposições enfiadas na narrativa para confortar sua estranheza, e vão se perdendo naturalmente conforme o filme adentra no clima de romance.
Portman também sequer é vista como alguém “diferente” pelas lentes de Reitman (como foi em Cisne Negro, filme pelo qual levou o Oscar). É uma mulher fria, porém jamais frígida. Uma mulher que, embora resistente a eles, é passível de sentimentos; é humana, e facilmente apaixonante.
Por conta disso, terminar Sexo Sem Compromisso desejando Portman acaba sendo praticamente irresistível. O difícil mesmo é não remoer o filme em algum sonho apimentado às quatro horas da manhã.
Crítica de cinema - Sexo sem compromisso
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