O pesadelo do cisne

Trazendo a vencedora do Oscar Natalie Portman no papel de uma bailarina atormentada, Cisne Negro estreia hoje em Passo Fundo

Por
· 1 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Marina de Campos    

       Eu tive o sonho mais estranho ontem à noite, sobre uma garota transformada em cisne. Ela precisa de amor para quebrar o feitiço, mas seu príncipe se apaixona pela garota errada e então... ela se mata. É assim, em tom de conto de fadas tornado fábula de horror, o novo filme de Darren Aronofsky. Conhecido por abordar temas como obsessão e sacrifício físico em seus filmes anteriores, entre eles Réquiem para um sonho, A fonte da vida e O Lutador, o diretor arrisca-se pela primeira vez no gênero suspense e o ambienta no tenso universo das companhias de ballet.     

     Aproveitando fatores como rivalidade, disputa e a quase doentia busca pela perfeição que caracterizam o gênero de dança, ele apresenta a ascensão e a queda da jovem bailarina Nina Sayers, magistralmente interpretada pela vencedora do Oscar Natalie Portman. Escolhida para substituir a primeira bailarina que acaba de se aposentar, ela ganha o papel principal no dúbio Lago dos Cisnes, espetáculo em que a mesma dançarina precisa interpretar o Cisne Branco e o Cisne Negro. Sem encontrar dificuldades no primeiro, inocente e virginal, ela inicia seu pesadelo ao mergulhar no segundo, cheio de características fortes e sensuais que lhe faltam.  

   A pressão vinda da mãe controladora e do diretor  exigente  a levam a uma espiral de medo, insegurança, obsessão e perseguição potencializados quando Nina percebe na concorrente vivida pela bela atriz Mila Kunis a possibilidade de uma inaceitável derrota, já que a rival e o professor começam a se envolver rapidamente.

    Exaltado e criticado com a mesma frequência, Cisne Negro tem como pontos fortes a constante atmosfera de aflição que Aronofsky domina e a entrega total de Portman ao papel que lhe custou vários quilos a menos e meses de sacrificantes aulas de ballet. Em contraponto está a alegoria  artística que serve apenas para impressionar ao longo dos 113 minutos de filme, mas perde força assim  que a história termina (o que, para muitos, é mais do que suficiente).

    Independente disso, o filme é uma das interessantes estreias deste semestre nos cinemas passo-fundenses, que, apesar de toda a demora, têm recebido os aguardados vencedores do Oscar 2011 - mesmo que um de cada vez. 

Gostou? Compartilhe