Segundo ON
Grande personagem da 64ª edição do Festival de Cannes por motivos nem um pouco louváveis, Lars Von Trier não teve a chance de ver a protagonista de seu filme receber o prêmio de melhor atriz na tarde deste domingo, 22. Isso porque, após declarar “compreender Hitler” durante uma coletiva de imprensa, o cineasta dinamarquês foi expulso e declarado persona non grata pela organização, o que resultou em uma proibição de se aproximar do palácio do festival. Se for pensar, ainda assim Trier está no lucro, pois através da boa atuação de Kirsten Dunst o nome de seu filme, Melancolia, se encontra na lista dos vencedores deste ano.
No entanto, seu nome passou longe da Palma de Ouro, que também não ficou com os favoritos La piel que habito, de Pedro Almodóvar, e Le Havre, do finlandês Aki Haurismaki, este vencedor do prêmio da crítica. O prêmio máximo do festival foi para o norte-americano Terrence Malick, com o filme A árvore da vida. Definido como um épico metafísico, o filme narra basicamente duas histórias em paralelo. A mais prosaica trata da criação de uma família americana dos anos 1950 numa cidadezinha típica do período. A mãe, interpretada por Jessica Chastain, esforça-se para educar os três filhos meninos com valores de amor e religião. O pai linha-dura e agressivo, vivido por Brad Pitt, tenta impor os seus através de disciplina e opressão.
Sean Penn é o filho mais velho dos O'Brien e quem puxa a linha narrativa dessa história, de trás para frente, do momento da notícia da morte prematura de um dos irmãos voltando até o nascimento e a infância das crianças. Refletindo, possivelmente, as próprias dúvidas religiosas da mãe, que sofre para entender "por que o Deus que dá é o mesmo Deus que tira" a vida de seu filho, o cineasta reajusta seu foco para o macro e encadeia longas e belíssimas sequências sobre a criação do universo, da formação geológica ao surgimento da vida na Terra.
De acordo com Robert De Niro, presidente do júri, A árvore da vida era o filme certo para levar o prêmio. "Sentimos claramente que esse era 'o' filme. Por seu tamanho, sua importância, ele parecia caber na Palma de Ouro", completou. O troféu foi entregue ao produtor Bill Pohland, representante de Malick. "Falei hoje cedo com Terrence por telefone e ele continua tímido, reservado e humilde como sempre. Mas sei que ele está muito contente com esse prêmio. Foi uma longa jornada", disse o produtor. O Festival de Cannes começou no dia 11 de maio e terminou neste domingo.
A lista dos vencedores
Palma de Ouro: A árvore da vida, de Terrence Malick (EUA)
Atriz: Kirsten Dunst, por Melancolia" (Dinamarca/Suécia/França/Alemanha)
Ator: Jean Dujardin, por The artist (França)
Diretor: Nicolas Winding Refn, por Drive (EUA)
Roteiro: Footnote, de Hearat Shulayim (Israel)
Grande prêmio: empate entre O garoto de bicicleta" (Bélgica/França), de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, e Once upon a time in Anatolia (Turquia), de Nuri Bilge Ceylan
Curta-metragem: Cross country (Inglaterra), de Marina Vroda
Prêmio Câmera de Ouro (para diretor estreante): Las acacias (Argentina/Espanha), de Pablo Giorgelli
Prêmio de júri: Polisse", de Maiwenn Le Besc (França)