?EUR Prova de Morte

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por Daniel Dalpizzolo @dandalpizzolo / [email protected]

O cineasta Quentin Tarantino tornou-se um ícone da cultura pop pós-anos 90 através de um estilo bastante particular: inspirando o cinema como conhecíamos e expirando-o de volta à vida através de filmes vibrantes e vivazes como este À Prova de Morte, em cartaz no Telecine Premium.  

Neste filme, sobre um dublê de cinema que assassina mulheres em seu carro equipado com proteção para acidentes, as referências são diversas: de exploitations, black-movies e filmes de estrada dos anos 70 ao ambiente e à atmosfera dos antigos cinemas Grindhouse, homenageados por seu projeto estético, Tarantino viaja pela memória de vários gêneros e escolas cinematográficas em um filme feito com o propósito de ser, de fato, um filme, vivendo neste universo ilimitado chamado cinema.

Mais do que homenagear e reproduzir estes modelos anacrônicos nos quais se baseia, o que o diretor realmente faz é construir um novo cinema, moderno e autoral, através das referências que recorta e coleciona cena a cena feito uma criança apaixonada.  

E aí está a diferença de seus filmes para outros cheios de referências espertinhas – e paródias bestas - a grandes clássicos. Filmes como À Prova de Morte não se valem da cópia como uma simples cópia. O que acontece aqui é o cinema viver pelo cinema, numa sessão que atinge um êxtase enorme para aqueles que, assim como Tarantino, são apaixonados por esta arte.

Tarantino disse certa vez numa entrevista em Cannes que seus filmes pós-Kill Bill (2003/2004) podem ser definidos como filmes que os personagens de seus primeiros trabalhos (Cães de Aluguel, Pulp Fiction – Tempo de Violência) veriam no cinema durante os fade outs. É por aí mesmo. Imagino perfeitamente Vincent Vega ou Mr. Blonde babando por nossas heroínas nas delirantes sequências de perseguição de carro de À Prova de Morte.

Pode-se dizer que, se o cinema reproduz mentirosamente a vida, Tarantino reproduz mentirosamente a mentira do cinema e chega a um nível de ficção tão extremo e intenso que faz com que você se sinta parte de um filme do lado de cá. Aliás, eu vi À Prova de Morte empunhando uma AR-15 na companhia de duas mulheres de biquíni e muitas doses de whisky, lembro muito claramente disso.

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