Raul Boeira
Compositor, Boeira vive em Passo Fundo desde 1974, terra que adotou como cidade natal. Sem ensino formal de música, aos quinze anos aprendeu a tocar violão com dois hippies na capital gaúcha. Depois, conheceu os acordes dissonantes com as lendárias Revistas Vigu, que, em meados da década de 70, traziam muitas harmonias de MPB. No início dos anos 80, teve algumas aulas de harmonia com o violonista/pianista Dudu Trentin. No final dos setenta, freqüentou as famosas rodas de viola na "esquina do perfume", onde surgiram Alegre Corrêa, Guinha Ramires e Ronaldo Saggiorato.
Além de compor, escreve resenhas para diversos jornais, revistas e sites musicais. Tem canções gravadas por Alegre Corrêa, Leonardo Ribeiro, Ana Paula da Silva, Ita Arnold, Mirianês Zabot e muitos outros intérpretes da cena independente do sul do país. Clariô, samba que compôs em parceria com Alegre Corrêa, foi gravado por Joe Zawinul no cd intitulado 75th, vencedor do Grammy de Melhor Disco de Jazz Contemporâneo de 2010.
Em 2009, Raul Boeira lançou o cd Volume Um, com 12 composições próprias. O disco foi produzido no Rio de Janeiro, no legendário estúdio Nas Nuvens – construído por Liminha e Gilberto Gil no final dos anos setenta –, com arranjos e direção musical do pianista gaúcho Dudu Trentin, que vive na capital carioca. Participaram das gravações instrumentistas do primeiro time da MPB, como os guitarristas Ricardo Silveira, Lula Galvão, Celso Fonseca, Torcuato Mariano, Fernando Caneca, João Gaspar e Julio Herrlein, os baixistas André Vasconcellos e André Rodrigues, o baterista Alexandre Fonseca, os percussionistas Sidinho Moreira e Firmino, o flautista Marcelo Martins, o violinista Glauco Fernandes e o acordeonista Léo Brandão. A cantora carioca Barbara Mendes cantou em uma faixa. Atuaram como backing vocals Juliano Cortuah, Nina Pancevski e Lu Duque.
Elogiado por Augusto Mauer, clarinetista da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, o disco também foi exaltado pelo escritor Luis Antonio de Assis Brasil, hoje secretário de cultura do Estado. “Com esse disco, ele vai além da pátria gaúcha, evocando os diversos recantos desse grande arquipélago cultural que é o nosso país por meio de letras simbólicas”, afirma Assis Brasil. De acordo com o próprio músico, a escolha do repertório buscou evidenciar o violão e sua variedade rítmica, com letras enxutas, diretas, não datadas e sem ranço de qualquer espécie. “Procurei mostrar que acredito na canção brasileira”, conclui Boeira.