Marina de Campos
Hoje milhares, talvez milhões se sintam órfãos depois de ver na tela o último sopro de vida de um vício que já dura uma década. Nascida de um livro tão contestado, a saga de adaptações para o cinema tornou-se mais que um recorde de bilheteria: a meticulosa transposição de todo um universo paralelo sem qualquer furo ou falha fez de Harry Potter uma marca legítima dos anos 2000, um fenômeno que não se explica senão com mágica. Símbolo de “baixa cultura” por quem não entende que o ato de ler é mais importante do que aquilo que se lê, o título criado pela britânica J. K. Rowling teve seu desfecho literário revelado ainda em 2007, com a publicação do sétimo e último livro. Agora, com um intervalo maior que o habitual em função da divisão do último longa em duas partes, chega aos cinemas Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2, colocando definitivo ponto final na saga do jovem bruxo. Crescendo junto com a maioria de seus fãs, agora ele possui 17 anos e uma furiosa determinação em derrotar seu arquiinimigo. Com ajuda dos fiéis companheiros Rony e Herminone, enfrenta a maior batalha de sua vida, e precisa fazer seu último sacrifício enquanto o fim se aproxima. Inevitavelmente emocionante, já que representa o encerramento de um ícone dessa geração, o filme mantém o ar sombrio iniciado em sua terceira aparição no cinema, adicionando incrível carga dramática a esse último ato onde se destacam as atuações dos vilões Voldemort, vivido pelo ator Ralph Fiennes, e do enigmático professor Snape, interpretado por Alan Rickman. Com uma espécie de maturidade cinematográfica, o diretor David Yates entrega aos fãs esse último território a ser explorado com um misto compreensível de tristeza e profunda satisfação. Como diz a dedicatória do último livro, “isso é para você, que acompanhou Harry até o fim”.
Harry Potter até o fim
· 1 min de leitura