Marina de Campos
Marcia Tiburi é uma mulher interessante. Ao contrário do título de seu segundo romance, A mulher de costas, ela parece estar sempre de frente, despida de máscaras, pronta para encarar as perguntas. Pois são muitas. Filósofa, apresentadora do programa de debates Saia Justa por vários anos e escritora de destaque na literatura contemporânea do país, a também professora e artista plástica natural de Vacaria ganhou reconhecimento nacional por essas muitas facetas que geram interesse e fazem com que seja uma das personalidades mais requisitadas da atualidade. Assim, não poderia ficar de fora da programação da 14ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, da qual participa no dia 23, no debate Literatura e arte na era dos bits. Em entrevista ao Segundo, ela se mostrou animada com o convite e falou sobre os romances que formam a sua Trilogia Íntima. Os livros de Marcia Tiburi estão à disposição para empréstimo no quiosque da Jornada no Largo da Literatura e também na Biblioteca Pública Municipal.
Marcia explica
“Sao três obras da Trilogia Íntima: Magnólia, de 2005, A Mulher de Costas, de 2006 e O Manto, de 2009. São obras que me ocuparam durante 7 anos, foram escritas ao mesmo tempo. São três romances em que os personagens são, sobretudo, mulheres e tratam, de um modo ou de outro, da questão da interioridade ou, melhor ainda, da intimidade como aquilo que não se pode compartilhar. No primeiro caso, esta intimidade é simbolizada por duas gavetas emperradas dentro de uma casa, no segundo pela busca de um espelho num deserto e no terceiro caso por fitas gravadas deixadas no fundo de um armário. O terceiro dos romances, O manto, é o mais experimental deles. É um romance dentro de outro, dentro de outro, dentro de outro como as nove fitas dentro da caixa de sapatos, dentro do armário dentro da casa. São estas fitas decupadas que servem de pretexto para a narradora tentar contar uma história, a de sua mãe. Na verdade, o romance se torna uma grande reconstrução da mãe por meio da narrativa. Pelo fato de eu ter escrito romances com personagens femininos sempre aparece quem me pergunte sobre ‘literatura feminina’. Não creio que eu escreva literatura feminina, pois dizer literatura feminina é uma redundância, toda a literatura é feminina. Isso é mais ou menos um resumo da trilogia. Neste ano finalizei um romance que estava em processo há 13 anos e deve sair pela Record no ano que vem.”