Crítica de cinema - Rango

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por Daniel Dalpizzolo @dandalpizzolo / [email protected]

Depois de três episódios da cine-série Piratas do Caribe, o cineasta Gore Verbinski largou o comando das aventuras do pirata Jack Sparrow (o quarto filme está aí para mostrar o porquê) para trabalhar em um projeto artisticamente mais ambicioso. Trata-se da animação Rango, uma homenagem digital aos saudosos westerns dos anos 50 e 60, especialmente aos spaghetti westerns do italiano Sergio Leone.   

É, obviamente, uma releitura subvertida em fábula fantasiosa, construída através de um cuidadoso processo de animação computadorizada – que, com consultoria visual do experiente fotógrafo Roger Deakins, do recente faroeste Bravura Indômita, dá vida a uma impecável simulação da ambientação do Oeste americano do século XIX, reproduzido numa comunidade animal escondida em algum ponto perdido do deserto.   

Em meio às dezenas de referências a outros filmes, um chavão das animações 3D modernas,  encontram-se temas que são típicos dos velhos westerns. O embate entre o indivíduo e o coletivo, a estruturação da sociedade moderna, a ganância do homem... Tudo está lá, na brincadeira de Verbinski com seu showman engraçadinho, um camaleão doméstico da cidade grande que, num acidente, perde-se de seus donos e vai parar na tal comunidade, para a qual imprime a si um mito de bravura e heroismo que logo o faz se tornar o xerife do local.  

É um projeto interessante, e que mescla um conteúdo programado para fazer sucesso tanto com as crianças, através das piadas físicas de seu protagonista atrapalhado, quanto com o público adulto, especialmente nesse monte de referências a filmes diversos – sendo boa parte delas a Era Uma Vez no Oeste, do já citado Sergio Leone, de onde vem o centro da história.  

E é por existirem tantas credenciais aparentemente eficientes que se torna ainda mais decepcionante o fato de eu não ter me envolvido em nada com o filme. O que se deve principalmente a Rango, o protagonista dublado por Johnny Depp, que não passa de um Jack Sparrow genérico em versão camaleão (o filme constantemente lembra Piratas do Caribe,  reproduzindo uma fórmula de diversão com público certificado). É insuportável, e a cada cena protagonizada por Rango eu desejava mais e mais que a tal morte dele prometida pelas corujas cantoras na primeira cena do filme viesse logo. E sim, ele protagoniza todas as cenas.

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