Marina de Campos
Em meio a toda essa enxurrada de blockbusters, sequências e adaptações, alguns filmes menos badalados acabam passando despercebidos - o que não quer dizer que sejam desinteressantes. É o caso de Sem Limites, filme que entra hoje em cartaz nos cinemas passo-fundenses concorrendo com uma milionária sequência de ação, uma sequência de animação e três salas inteiramente dedicadas ao último capítulo de Harry Potter. O mais curioso é que, nesse caso, a própria mídia pareceu ter esquecido de dar atenção ao filme, que agora ganha crédito da crítica por sua premissa original e técnica bem executada. Dirigido por Neil Burger, do competente O Ilusionista, o longa apresenta a história de Eddie Morra, um escritor prestes a entrar em desespero por conta de um bloqueio criativo que também está prejudicando seu relacionamento com a namorada. Vivido pelo carismático Bradley Cooper, de Se Beber, Não Case, o personagem descobre a milagrosa - e por isso duvidosa - solução para os seus problemas com uma nova droga experimental que lhe permite utilizar 100% da capacidade do cérebro, e não apenas os 20% habituais. É aí que o filme muda e, sob efeito da pílula, ele se lembra de tudo que já leu, viu ou ouviu na vida, passando de fracasso a pleno sucesso em fração de segundos. Aprende outras línguas, faz qualquer tipo de cálculo, escreve metade de seu livro, fala sobre direito, flutuações de mercado, joga pôquer, dorme com belas mulheres e até entra em brigas usando as memórias dos filmes do Bruce Lee. Mas é claro que tudo que é bom dura pouco, e depois que Eddie acessa mundos paralelos como o tráfico, a máfia e as grandes corporações, chega à política esbarrando no ambicioso empresário Carl Van Loon. Vivido por Robert De Niro em uma ponta de luxo, o personagem desafia Eddie a usar sua inteligência para realizar um dos maiores negócios da história. Ágil e crescente, o longa utiliza as cores hipnóticas de Nova York e as acelerações de câmera para dar ritmo, enquanto a trilha pontuada pelo Black Keys dá o clima de confiança e excitação que uma história onde tudo é possível exige.
Tudo é possível
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