Crítica de cinema - Aterrorizada

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por Daniel Dalpizzolo @dandalpizzolo / [email protected]

Há nove anos, o cineasta John Carpenter lançava seu até então último longa-metragem para cinema, a hardcore ficção científica-western Fantasmas de Marte, infelizmente um fracasso de público e crítica que fez com que o diretor, representante do grupo dos grandes mestres ainda vivos, ficasse exatos nove anos sem lançar absolutamente nada na telona - dirigiu, porém, dois episódios da série de televisão Masters of Horror, sendo um deles, Pesadelo Mortal, uma legítima obra-prima.

Carpenter retornou aos cinemas norte-americanos em 2010 com The Ward, no Brasil chamado toscamente de Aterrorizada, um filme que, mesmo diante de tantas porcarias que chegam aos cinemas toda semana, ficou de fora de nosso circuito comercial, indo direto para as prateleiras das locadoras em formato DVD. Um trabalho que, se não chega aos pés dos grandes filmes de Carpenter, ainda é mais digno do que muitos dos filmes de horror lançados nas salas de cinema do país.

Aterrorizada traz John Carpenter mecanizando seu cinema em uma história típica dos filmes de horror da atualidade, o que se torna decepcionante para quem conhece a fundo seu cinema, que já nos deu filmes como O Enigma de Outro Mundo, Eles Vivem e Fuga de Nova York. A história trata de uma jovem interna de um hospício para mulheres que tenta descobrir os motivos que a levaram até lá, procurando desvendar também o que ocorre dentro daquela misteriosa insituição.

Uma trama banal, é verdade, mas que em seus bons momentos, com a concepção visual e a edição dos planos bem sustentada de Carpenter, garante a tensão e o interesse dos fãs do gênero com facilidade - em alguns momentos de exploração silenciosa da geografia dos cenários o filme lembra Ilha do Medo, de outro veterano, Martin Scorsese, ao qual remete bastante.  

Nas pequenas cenas em que brilha como autor, em especial ao quebrar completamente a lógica do terceiro ato, Carpenter nos relembra as radicais narrativas de seus grandes filmes, deixando um gosto de “quero mais” para aqueles que, como eu, têm certeza de que deixando de lado essa proposta de se adaptar aos moldes mongoloides do cinema de horror contemporâneo, este é um autor que ainda possui muito a oferecer.

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