Os nós que nos mantêm de pé

Parecendo ter passado mais rápido do que qualquer outra, a 14ª Jornada Nacional de Literatura só terminou mesmo neste domingo, com o desmonte do Circo da Cultura Marina de Campos

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    Os pés e mãos machucados, as costas ainda tensas e a cabeça exausta doem muito menos do que a melancolia do fim. A possibilidade de mais um dia, entre segunda e quinta, é o combustível necessário para se levantar outra vez, mas na sexta-feira a consciência de que tudo vai terminar não pode ser mais atroz. Derruba a todos não de esgotamento, mas de um certo desânimo, uma vontade de viver um pouco mais mesmo que o corpo não agüente, e que o que aconteceu até aqui tenha sido o suficiente.

    É fato: a 14ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo passou rápido demais. Rápido como o mundo de hoje, como o universo de redes, linguagens e mídias que se propôs a decifrar. Em meio ao imediato, vimos a Jornada através de lentes de câmeras, celulares, tablets e telões, como se até ao vivo a tecnologia se colocasse entre nós. Mesmo calcada na literatura, esta edição também falou de música, teatro, jornalismo, quadrinhos e uma infinidade de outros pequenos assuntos, visivelmente ciente da onipresença dessa paixão que nos motiva a retornar a cada dois anos.

    Assim como anuncia sua chegada no dia em que a lona é erguida, a Jornada também só foi embora quando a lona vermelha e verde desceu, úmida de chuva e opaca de nostalgia, na manhã deste domingo. Estendida no chão, a lona nos convence que acabou, e revela um último segredo como deixa final: enquanto tentávamos desfazer nós intelectuais em cinco dias de intensos debates, discussões e reflexões, eram os nós fortes das cordas que seguravam a lona erguida e o espetáculo de pé.

ON na Jornada: Dados e agradecimentos


    Dois anos de espera por cinco dias que passaram rápido demais. Depois de 68 páginas produzidas, mais de 3 mil exemplares circulando pelo Circo da Cultura e cerca de 2.500 acessos no blog em apenas uma semana, o projeto ON na Jornada encerra suas atividades com uma enorme lista de agradecimentos. A Múcio de Castro Filho e Múcio Neto pela aposta cega. A editora-chefe Zulmara Colussi por compartilhar sua experiência, apontar os caminhos e não nos deixar sozinhos. A Cristiano, Carlos, Simone e Taciane representando demais setores pelo trabalho paralelo na organização. A Amanda SchArr, Leonardo Andreoli e Gerson Lopes pela dedicação total a essa cobertura e o trabalho em equipe que foi a essência do sucesso do projeto. A Bruna Todescato pelo excelente trabalho na internet. A Maíra Martini pela agilidade e paciência na diagramação. A Rogério pelas fundamentais caronas que nos deu. A tia Lúcia pela limpeza do estande. A Pablo Tavares por atravessar a madrugada esperando. A toda a equipe da impressão, encarte e entrega, que trabalhou com boa vontade virando a noite por nós. E ao leitor, que relevou nossos erros, compreendeu nossas ousadias e dedicou seu tempo prestigiando nosso trabalho. Foi um prazer inexplicável!

Marina de Campos, editora do projeto ON na Jornada

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