Crítica de cinema - Super 8

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Super 8 foi amplamente divulgado como um projeto conjunto entre o veterano cineasta Steven Spielberg, pai dos blockbusters modernos, e J. J. Abrams, que representa o novo cinema comercial, responsável por grandes produções como a ótima versão de Star Trek, lançada em 2008, e a série de televisão Lost, seu maior sucesso até então. E, apesar dos créditos de roteiro e direção do filme serem assinados apenas por Abrams, é possível perceber a influência de Spielberg, direta ou indiretamente, ao longo de todo o filme – seja por escolhas que parecem muito ser suas, seja pela própria influência que o diretor exerce no estilo de Abrams.

Porque Super 8 representa um choque, uma intersecção entre essas duas visões/épocas do cinema. É um filme que claramente se constroi sobre a sensação de nostalgia que despertará nos fãs das saudosas aventuras de Spielberg e dos cineastas que o acompanhavam (Zemeckis, Lucas, Donner, Columbus, e por aí vai) neste seu projeto de cinema comercial juvenil. Como se as matinês de Conte Comigo e Os Goonies, tão reprisadas pelas sessões vespertina da TV aberta, encontrasse os filmes catástrofe do cinema comercial dos anos 2000 – como, vejam só, Cloverfield (produzido por Abrams) e Guerra dos Mundos (dirigido por Spielberg).

As escolhas realizadas em Super 8 neste sentido são bastante eficientes, desde a seleção do elenco juvenil, todo ele muito competente (em especial o jovem casal de protagonistas), até a ambientação e a atmosfera de amizade e companheirismo que envolve o grupo de amigos na proximidade da tragédia. Há uma preocupação especial no desenvolvimento dessas relações (as cenas com os jovens discutindo e filmando o filme que estão produzindo são das melhores de Super 8) e é através delas que o filme nos conquista, nos convida a participar de sua ficção.

E é como se toda metade inicial de Super 8 fosse um túnel do tempo, que nos remete às aventuras dos anos 80 para mais tarde nos devolver ao nosso tempo, deixando de lado a inocência dos conflitos daqueles filmes para colocar seus personagens em contato com um perigo verdadeiramente brutal e violento, típico de nosso cinema atual – que infelizmente é rompido por um final dos mais bregas e constrangedores, que nos lembra dos piores momentos de Spielberg.  

Mas, é claro, esses nossos doces blockbusters são como os pesadelos: podem provocar alguma tensão aqui e ali, nos fazer torcer e vibrar, mas tudo termina da mesma forma: um pequeno suspiro, uma sensação de vitória e de libertamento, e a vida segue como se nada tivesse acontecido.

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