O prédio mais alto do mundo, um agente como Ethan Hunt e uma luva que o torna capaz de escalá-lo: esses são os únicos elementos necessários para rodar uma das sequências de ação mais eletrizantes dos últimos tempos. Cena mais comentada de Missão: Impossível 4 - Protocolo Fantasma, o trecho em que o famoso agente faz valer o impossível do título de sua franquia e escala as vidraças do imenso Burj Khalifa com mágicas e duvidosas luvas que se grudam ao vidro provoca aquilo que muitos tentam e poucos conseguem. Afinal, cenas de ação ágeis e mirabolantes são vistas aos montes nos expoentes do gênero na atualidade, mas a banalidade do todo faz com que poucos causem frio na barriga e aquela sensação de prender o fôlego até a resolução final.
A diferença, nesse caso, talvez seja o fato de que toda a jornada de Ethan Hunt até aqui e a situação desesperadora de tudo ou nada em que se encontra colaboram para que o espectador realmente se importe com o que está acontecendo - não apenas que ele escape vivo da loucura, mas que consiga alcançar seu objetivo. Após ser resgatado de uma prisão russa, marcando a primeira grande sequência do filme, o agente se vê em um impasse: após um atentado que destrói nada menos que o Kremlin, o governo norte-americano decide ativar o Protocolo Fantasma do título, negando a existência e abandonando por completo a Força Missão Impossível. Responsabilizados pelo ataque, Hunt e sua equipe tem sua fuga facilitada como parte de um plano para que possam operar independentemente do organismo. Se a missão falhar e algum membro da equipe for capturado ou morto, eles serão procurados como terroristas. Aliás, pior que isso: se a missão falhar, inicia-se a guerra nuclear da qual o mundo escapou na guerra fria.
Com tudo isso em jogo, cada parte do longa carrega a tensão que merece, desde a excelente abertura que passeia pelos momentos chave da trama através de um pavio aceso ao som da mítica trilha sonora, até o desfecho que oferece o único minuto de tranquilidade e romantismo de todo o filme. Com as sessões especiais de pré-estreia em Passo Fundo na quarta e quinta-feira, o Segundo teve a chance de conferir no cinema essa que é provavelmente a última grande estreia do ano nas salas locais. E a impressão é invariavelmente positiva. Como já davam pistas as muitas críticas elogiosas, Missão Impossível 4 resgata a atmosfera da estreia da franquia e alcança um nível surpreendente tanto de adrenalina quanto de sintonia e boas atuações. O que se deve em partes ao retorno triunfal de Tom Cruise em boa forma e cheio de coragem - ele dispensou dublês para a sequência do prédio em Dubai, e também para outras passagens em cenários como Budapeste, Moscou e Mumbai -, mas também ao elenco de apoio formado pelo cômico Simon Pegg, gênio dos computadores, a bela agente Paula Patton, que se sai muito bem sem cair em clichês, e por fim Jeremy Renner, misterioso analista que carrega segredos sobre seu passado e o de Hunt.
Outro nome a levar créditos é Brad Bird, escolha inesperada para digirir o filme, já que seu histórico traz apenas animações como Os Incríveis e Ratatouille. A combinação, no entanto, não poderia ser melhor: acostumado ao mundo sem limites do desenho animado, ele também aproveita para carregar o longa de um bom-humor cabível e totalmente bem-vindo em meio a tantos sustos e suspiros. Difícil de acreditar que uma franquia consiga se sair tão bem mesmo após deixar os limites de sua trilogia e se arriscar mais uma vez. Pensando bem, nada que combine mais com o espírito de Missão Impossível.
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