Quem é essa tal de Lana Del Rey?

Como uma excêntrica menina rica se tornou a mais indecifrável aposta da música para 2012

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Lana Del Rey é um mistério. Seu nome e seus lábios são falsos, seu surgimento é cercado por lendas, sua figura incoerente transita entre o esplendor feminino de décadas perdidas e uma morbidez tediosa de olhares vazios. E sua voz, sua voz jamais faz esforço, pois no fundo é como se ela não desse a mínima, apenas experimentando mais uma brincadeira em seu parque de diversões pessoal.

Foi por provocar tanto estranhamento e curiosidade que Lana Del Rey se tornou um fenômeno antes mesmo de ter um disco lançado. Ainda na metade do ano passado, ela ganhou atenção do público com dois vídeos caseiros postados no youtube, somando 25 milhões de acessos. Mas não se tratava do começo acidental de uma carreira de sucesso, e sim um reinício premeditado.

Antes de inventar Lana Del Rey - mistura do nome da atriz Lana Turner e do carro Ford Del Rey -, ela era Elizabeth “Lizzy” Grant, uma cantora de bares nova-iorquina filha do milionário Rob Grant, despercebida com sua voz suave, cabelos loiros e jeans e camiseta. De uma hora pra outra, ressurgiu como um personagem forte e enigmático, uma “Nancy Sinatra gângster” em suas próprias palavras, colocando-se rapidamente como uma das mais indecifráveis apostas da música para 2012.

Completamente diferente de revelações anteriores como Amy Winehouse, Lady Gaga e Adele, ela tem causado reações fortes da crítica. Enquanto a BBC e o The Guardian a definem como brilhante, extraordinária e um maravilhoso exemplo de música pop, a Rolling Stone e a Entertainment Weekly a chamaram de frustrante e entediante. O lançamento de seu primeiro álbum, porém, indicou a tendência: Born to Die vendeu 117 mil cópias em sua primeira semana, alcançando o topo das paradas mundiais como o mais vendido de 2012.

Enquanto isso, polêmicas vem e vão. O mundo questiona sua ascensão meteórica desconfiando de influência de sua família rica, seus lábios agora aparentemente maiores são motivo de discórdia, a primeira apresentação ao vivo no Saturday Nigh Live foi tachada de desastrosa - mas parece que Lana não dá bola.

Essa indiferença combina com sua música. Original acima de tudo, ela tem um jeito despretensioso e irônico de cantar, mesmo dotada das letras profundas sobre amor e morte e arranjos osquestrais em várias faixas. Em algumas experimenta o hip hop e segue fazendo de seu disco uma viagem inesperada, assim como seu próprio destino. Ao afirmar não ter o desejo de cantar para grandes plateias e nem mesmo ter certeza de que irá lançar um próximo disco, Lana Del Rey prova que  não espera ser facilmente compreendida - como todo artista deveria fazer.

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