Vingadores versus Vingadores!

O Segundo assistiu à estreia mundial de Os Vingadores em 3D para trazer em primeira mão as impressões sobre uma das adaptações de quadrinhos mais esperadas do ano

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Marina de Campos


O que pode ser melhor que Os Vingadores lutando contra os seus inimigos? Só mesmo Vingadores versus Vingadores! Nesse sexta-feira o mundo inteiro parou para ver isso, e o Segundo fez o mesmo ao correr para a sessão de estreia do filme em Passo Fundo - que aconteceu junto com a estreia mundial - reunindo na sala de cinema 3D do Bella Città algumas dezenas de fãs ansiosos por esta que é uma das (duas) adaptações de HQ mais esperadas do ano (não, a gente não está esquecendo do Batman!). E o que dizer depois dessas mais de duas intensas horas de projeção? Para não gastar todos os adjetivos logo no início, diria que ninguém se enganou em aguardar com tanta empolgação pela reunião de alguns dos maiores heróis de todos os tempos e também o encontro das franquias mais bem sucedidas da atualidade em uma só megaprodução. Deu mais do que certo.
Com um clima verdadeiramente fiel aos quadrinhos, Os Vingadores dá vida ao universo Marvel de forma incomparável, já que traz uma parte de seus rostos mais conhecidos ambientando cada uma de suas realidades e interligando-os por meio da organização S.H.I.E.L.D. (Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão), comandada por Nick Fury, personagem do ator Samuel L. Jackson. Após uma breve introdução para situar o espectador, revelando o tamanho do problema que Fury tem nas mãos e  como ele pretende resolver isso, o longa vai apresentando um a um os heróis, a começar pela bela Natasha Romanoff, a Viúva Negra vivida por Scarlet Johansson de maneira muito mais acertada do que em sua primeira incursão pelo cinema em Homem de Ferro 2. Desde o visual até a sua personalidade, tudo colabora para fazer dela não apenas “um rosto bonito”, como diz numa cena um vilão secundário, mas sim uma super espiã capaz de ser importante nos desfechos e, claro, fazer boas cenas de luta. Como já conhecemos de perto Homem de Ferro, Thor e Capitão América de produções passadas, eles surgem na tela como se fossem nossos velhos amigos, trazendo um frescor que abre espaço para o humor sutil que segue até o fim da projeção. A novidade é o Hulk vivido por Mark Ruffalo, uma escolha perfeita para provocar o contraste necessário entre o tranquilo cientista e monstro verde e incontrolável que demora a aparecer, mas quando surge na tela se torna um dos ápices da produção.


Desavenças entre heróis


Mas a apresentação é cordial apenas ao público. O encontro entre eles não poderia ser mais explosivo, e é provavelmente essa violenta aproximação a maior qualidade de Os Vingadores. Não dá para imaginar algo mais empolgante do que o atrito entre heróis geralmente bonzinhos (ainda que às vezes arrogantes, prepotentes ou irritadiços), de repente mostrando seus lados mais sarcásticos e competitivos com  seus próprios aliados - atitude mais humana, impossível. E não fica apenas na provocação: praticamente todos entram em conflito direto em alguma altura do filme, como no extasiante momento em que martelo e escudo se encontram para provocar o maior dos impactos, ou quando Hulk finalmente se irrita e persegue a Viúva Negra sem dó nem piedade.

Só seria besteira dizer que o filme não precisaria de vilões porque o vilão e seu exército são certamente o auge visual de Os Vingadores. Na trama, Loki (o irmão de Thor vindo de Asgard) rouba o Tesseract, um  cubo cósmico que é uma poderosa e inesgotável fonte de energia, com o objetivo final de dominar o mundo (grande novidade). Ao perceber que precisa de algo realmente forte para segurá-lo, Nick Fury vai em busca dos melhores heróis e os reúne para dar vida à Iniciativa Os Vingadores. Da metade para o final, esse combate entre os heróis e os alienígenas estilizados mandados por Loki ao centro de Nova York - nas redondezas da torre Stark - se torna uma das mais longas, empolgantes e bem elaboradas sequências de ação entre as adaptações de gibis. Além do ótimo ar de psicopata do vilão bem interpretado por Tom Hiddleston, a invasão é nada menos que espetacular. Monstros gigantescos parecendo peixes metalizados a nadar pelos céus de Manhattan chegam mesmo a dar medo, e há tantas coisas acontecendo e tantos protagonistas agindo ao mesmo tempo que o espetáculo todo precisava ser perfeitamente orquestrado, exatamente como foi. Mérito do diretor Joss Whedon, um apaixonado por HQs que tratou o original com respeito.Depois de nos tirar o fôlego, o filme quase leva às lágrimas os fãs mais fervorosos do universo dos quadrinhos, ao mostrar uma coleção de imagens televisivas das reações da cidade após os acontecimentos - com direito a aparição de Stan Lee! -, revelando um espírito de devoção e gratidão aos Vingadores por parte da população, que em outras palavras afirma com fé genuína: eu acredito em super-heróis. Há outros momentos inspiradores no filme, como no diálogo entre Capitão América e o agente Coulson - peça chave do filme - sobre a adaptação de seu uniforme. América pergunta se listras e estrelas não são um pouco antiquadas, e Coulson responde: “Talvez agora o mundo precise exatamente de algumas coisas antiquadas”. Coisas como patriotismo, humildade, senso de união - valores que o longa transmite sem chegar à lição de moral - e que mais uma vez mostram o quanto a aparente ingenuidade dos quadrinhos pode resumir a verdade do mundo em algumas páginas cheias de cores e onomatopeias, e também agora em frames vibrantes numa realidade tridimensional. Falando nisso, é bom registrar: um pouco incômodo no início do filme por escurecer as imagens, o 3D ganha função da metade para o fim, quando  realmente entra em cena e faz tudo saltar, girar e explodir na sua direção, o que acaba fazendo valer a pena assistir à essa versão.

The Avengers: Origens

Criado em setembro de 1963 - mesma data de estreia de X-Men - em sua própria revista intitulada The Avengers, Os Vingadores são mais uma criação de sucesso da clássica dupla de artistas Stan Lee e Jack Kirby, ambos da Marvel Comics, em uma espécie de resposta à Liga da Justiça da sua arquirival DC Comics. Diferente dos X-Men e do Quarteto Fantástico, que se tratavam de equipes de novos heróis, Os Vingadores ganharam grande popularidade por reunir nas mesmas aventuras heróis já consagrados da editora, como Thor, Hulk, Homem de Ferro e pouco depois o Capitão América. As formações da equipe mudaram muito, mas sua origem é bastante parecida com o roteiro do filme. Loki, o deus Asgardiano da trapaça, traça uma vingança contra seu meio-irmão Thor, atraindo Hulk para concretizar seu plano. Ele envia um pedido de socorro para Thor, que também é recebido pelo Homem-Formiga, a Vespa e o Homem de Ferro. Após derrotarem Loki, o Homem-Formiga conclui que os cinco trabalharam bem juntos e sugere que eles formem uma força conjunta. A Vespa nomeou o grupo e assim nasciam Os Vingadores. O título existe até hoje, e atualmente é destaque da editora na minissérie Avengers vs. X-Men, grande evento do ano nos EUA.

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