A Graforréia Xilarmônica não voltou: ela sempre esteve aqui. Pois não houve um ano, ou uma adolescência sequer, que passasse impune por ela desde os seus primórdios em 1986, ou a partir de 1995, quando lançaram Amigo Punk, talvez o maior clássico do rock gaúcho por sua espontaneidade e total despretensão em ser. Se voltasse agora depois de um longo sumiço, talvez tivesse que se adaptar à nova ordem ortográfica e perder um acento de seu nome tão sonoro e indecifrável. Como nunca saiu do lugar, segue com direito a acentos aonde quiser e o que mais de insano ainda desejar.
Diferente da linha dos revivals que muitas bandas do passado vem apresentando com o claro intuito de fazer dinheiro, a Graforréia Xilarmônica se propõe a voltar aos palcos com seu clássico repertório, sim, mas também retomar uma estética musical criada há mais de duas décadas, que ainda se mantém atual e já vem rendendo material inédito, como o single com as músicas Chacundum Brega e Tantas Tendênciais, lançado em abril deste ano. Rodando o estado com a formação original da Graforréia, os lendários músicos Frank Jorge, Marcelo Birck, Carlo Pianta e Alexandre Birck se apresentam em Passo Fundo nesta sexta-feira, 15 de junho, no 540 Pub, para lançamento do novo single e comemoração pelos 25 anos da banda, numa realização do Portal Facool, com apoio da Cultor Produtora.
A arte do rock nonsense
Eles são uma banda de rock mas não fazem música de protesto nem falam sobre amor. Se você acha que isso tira seu mérito, se engana: é justamente o que faz da Graforréia Xilarmônica o suspiro mais original daquilo que já foi um dia o rock gaúcho. Com composições sobre temas simplesmente indescritíveis tamanha a carga de loucura, incoerência e nonsense em cada estrofe ou refrão, a banda reuniu as melhores influências possíveis - do rock inglês à MPB, da música gaúcha ao punk e assim por diante - para se transformar em uma banda única e impossível de classificar.
Com os registros mais antigos datados de 1986, o grupo lançou seu primeiro registro em 88, com a fita demo Com Amor, Muito Carinho, mas foi em 95, com o primeiro disco Coisa de Louco II, que eles realmente se destacaram. Com uma visão incrivelmente irônica e bem-humorada da vida, lançaram clássicos como Literatura Brasileira, Bagaceiro Chinelão e claro, Amigo Punk, para no segundo disco, Chapinhas de Ouro, continuar com canções como Eu e Colégio Interno. Além de seu próprio sucesso, o estilo da banda também conquistou outros artistas que regravaram suas composições, como Wander Wildner, com suas versões de Amigo Punk e Empregada, a banda Repolho, com O Rock não tem cura, e ainda a mineira Pato Fu, que regravou Eu e Nunca Diga. Ao provar que a diversão também pode ser genial, a Graforréia Xilarmônica também mostra por que certas coisas não precisam retornar, pois simplesmente permanecem.
Assista!
Show da Graforréia
Xilarmônica, formação original
Hoje, 15, no 540 Pub