Fim de semana com Mostra Sesc de Teatro

Programação conta com atrações durante todo o dia

Por
· 4 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

A Mostra Sesc de Teatro Passo Fundo chegou como quem retorna de uma longa viagem de descanso: mais enxuta e relaxada, mais precisa e de bem consigo mesma, sem os temores da primeira vez, com a vantagem de saber o que esperar, agora definitivamente pronta e determinada. Com uma programação que vai direto no alvo - tanto no sentido de duração e quantidade de atrações quanto no que diz respeito ao gênero de cada atração - a 2ª edição da mostra promovida pela unidade local serve novamente para comemorar seu aniversário, agora de cinco anos, e oferecer ao público uma chance única de ter uma maratona teatral aqui mesmo, em Passo Fundo. Como afirmou Everton Dalla Vecchia, diretor regional do Sesc/RS, no lançamento da mostra, a unidade vem consolidando sua atuação no município ao se aproximar da comunidade, formar plateias conscientes e trabalhar com a inclusão do público nas mais diferentes manifestações artísticas. “O Sesc Passo Fundo já serve de referência para as demais unidades do estado, por seu trabalho tão constante e dedicado”, acrescentou Dalla Vecchia. Os espetáculos escolhidos a dedo para esta edição da mostra confirmam a preocupação com a qualidade e a diversidade. Além de trazer uma variedade de gêneros que inclui a comédia, o drama, o clown, o teatro infantil e o teatro de rua, o evento também diversifica o lugar de origem das atrações, trazendo alguns dos expoentes do sul, mas também alguns dos mais comentados espetáculos do centro do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Confira mais sobre cada um dos quatro espetáculos que acontecem ao longo deste fim de semana em Passo Fundo.

Asas de um sonho - Sábado, 10h e 15h, na Morom

Com inegável inspiração de grandes fábricas de sonhos como o Cirque du Soleil, o grupo Sorriso Com Arte surgiu em 2002, a partir de oficinas de dança desenvolvidas no colégio Coração de Maria, em Santa Maria, pela professora Karine Pissutti. Desde então o grupo vem se aperfeiçoando nesse hibridismo entre o teatro a dança e as artes circenses, que encontram sintoniua máxima no espetáculo Asas de um sonho, transformado em cortejo para a apresentação em Passo Fundo. Acrobacias, danças, personagens irreverentes, contorcionismo, técnicas aéreas, malabarismo, equilibrismo: tudo isso em uma história surpreendente, envolvente e cheia de magia.

Ninguém falou que seria fácil - Sábado, 20h, no Teatro do Sesc

“Nobody said it was easy”, como diz o refrão de The Scientist, do Coldplay - e acredite, isso diz muito sobre a peça Ninguém falou que seria fácil. Não que haja qualquer ligação ou referência direta, mas de cara o espetáculo do grupo carioca Foguetes Maravilha já se mostra atual, fresco, moderno. Definido como um dos mais inovadores expoentes de sua geração, o grupo vem sendo exaltado pela crítica e atestado por premiações, entre as quais as três principais do Rio - Shell, o APTR e Questão de Crítica -, principalmente pela originalidade de seus textos. Em Ninguém falou que seria fácil, o jovem dramaturgo Tiago Rocha cria um panorama ácido e afetuoso das relações humanas e principalmente familiares, que vai desde o mais banal dos cotidianos até beirar o teatro do absurdo. Com toda sorte de referências, como filmes franceses dos anos 1970, dança contemporânea, dramas familiares, exercícios metalinguísticos e fábulas para crianças, o texto ágil e sarcástico dá espaço para espirituosas atuações do trio Felipe Rocha, Renato Linhares e Stella Rabello, dirigidos por Alex Cassal. Em noventa minutos, a comédia traz os embates do dia-a-dia para o centro da arena, buscando responder dilemas como “o quanto ainda temos da criança que fomos um dia?”, o “que nos motiva a sair de casa e virar adultos?”, “como aprendemos a dividir e conviver com os outros?”,  “por que você tem que sair para trabalhar”, ou “por que as marmotas hibernam? Mas prepare-se, talvez apenas a última tenha mesmo resposta.

MIRA - Extraordinárias diferenças, sutis igualdades - Domingo, 16h, na praça do Hospital da Cidade

Depois de encantar o público passo-fundense na 14ª Jornada Nacional de Literatura na programação paralela do evento do ano passado, desta vez o grupo De Pernas Pro Ar retorna à cidade com o espetáculo Mira - Extraordinárias diferenças, sutis igualdades, propondo ao público um olhar agigantado sobre as nossas mais puras relações, tudo isso isso atrás de inocentes brincadeiras infantis. Livremente inspirados nas obras do célebre artista espanhol Joan Miró, os bonecos gigantes representam estranhas formas de vida com capacidade de mostrar a realidade de forma simples e simbólica. Relações lúdicas e corriqueiras sugerem o desprendimento da aparência real dos bonecos, nos fazendo mergulhar na nossa própria identidade.  Esta metáfora composta pela sutileza de contrastes de cada personagem, sugere diferenças com leveza, cor, luz e poesia.

O Não-Lugar de Agada Tchainik - Domingo, 20h, no Teatro do Sesc

“Necessitamos construir um palhaço que fale aos nossos dias de hoje, não só uma coleção de gags, mas um arquétipo que revele a essência do ator.” Diretora artística do Theatre Resource Centre em Toronto, no Canadá, e mundialmente conhecida por seu método de trabalho “O Clown Através da Máscara”, Sue Morrison faz de O Não-Lugar de Adaga Tchainik um espetáculo de clown diferente. Apesar dos elementos de palhaço como o nariz vermelho, a atriz Naomi Silman apresenta um espetáculo que beira o drama, buscando como toda boa peça de teatro a reflexão. Presa entre desastres, onde a sobrevivência é tudo, e cada próximo passo é uma decisão agonizante a ser – ou não ser – tomada, Ágada Tchainik aparece convidando o público a segui-la, junto com seus “companheiros de estimação”, em sua viagem. Compulsiva, à beira de um ataque de nervos, com sua fala errante, ela torna o público seu grande parceiro, com quem interage, ora convocando sua ajuda, ora implicando com algum espectador, ora provocando, rindo, brigando. Conforme ela caminha por sua própria mente confusa, passeando por assuntos diversos, que vão desde lavar pratos até problemas diplomáticos, o drama de sua alma, ridícula e dolorosamente, se revela. O espetáculo da companhia paulista Lume Teatro circula pelo país desde 2004.

Gostou? Compartilhe