“Eu não imaginava que fosse ser assim”, era a frase que muitos diziam com um misto de assombro e admiração ao deixar o Teatro do Sesc na noite do último domingo, depois do concerto de aniversário da Orquestra Beija-Flor. Na verdade era o que o regente Rodrigo Ávila, mais do que ninguém, parecia deixar escapar não apenas na sua fala, mas nas próprias lágrimas. Há cinco anos atrás, quando se ofereceu para realizar uma oficina de música no lar Emiliano Lopes, jamais poderia imaginar que fosse ser assim. Que pouco tempo depois, com muito trabalho, esforço e louvável determinação, teria transformado crianças em verdadeiros artistas, músicos talentosos apaixonados por seus instrumentos, e futuros adultos confiantes e donos de seus próprios destinos.
Realizado o sonho, a Orquestra Beija-Flor entrou no palco para comemorar seus primeiros cinco anos com uma apresentação à altura de sua importância. Contou com show de abertura da Orquestra Sesi/Metasa de Marau, também regida por Rodrigo Ávila, que animou o público logo de cara com versões de sucessos como We Are the Champions, do Queen, e Satisfaction, dos Rolling Stones. Além disso, contou com a presença especial de diversos músicos de apoio, que tornaram a apresentação ainda mais grandiosa. Ao deixarem seus lugares na plateia e se posicionarem no palco, os integrantes da Orquestra Beija-Flor não escondiam a expectativa e a ansiedade, que logo se dissipou ao primeiro sinal da condução firme de Ávila. Sabiam perfeitamente o que fazer, e fizeram. Seguindo os arranjos bem elaborados, que davam o equilíbrio certo a cordas, sopros e teclados, dominaram com maestria instrumentos que a maioria da plateia temeria tomar nas mãos.
Apesar de passarem a maior parte do tempo sérios e compenetrados, às vezes sorriam para o maestro ou para os amigos à vista, como quem diz com os olhos: “está gostando? até que é fácil!”. Assim, depois de um verdadeiro espetáculo de boa música aplaudido de pé pelo público que quase lotou o Teatro do Sesc, o clima era de indisfarçável emoção. Comovido com o próprio feito e homenageado pelos coordenadores do lar, pela esposa e pelos alunos que entoaram seu nome com alegria, Rodrigo Ávila fechou a noite satisfeito, mas não dado por vencido. “Hoje demos mais um passo importante, não é, pessoal?”, terminou suas palavras o saxofonista, como quem vê ali apenas o começo de um caminho brilhante. Com o mesmo espírito de um beija-flor, que de tanto bater suas asas flutua pelo ar como num milagre, impressionando quem observa, a orquestra mostrou a Passo Fundo que, com a sua ajuda, pode voar cada vez mais alto.