Há sempre um tipo de vibração diferente envolvendo as estruturas de uma igreja. Sagrada e silenciosa, ela guarda uma espécie de mistério solene, uma energia para a qual não se pode dar nome. No fim da tarde de ontem, porém, essa tradicional vibração foi quebrada. Mais que isso: foi potencializada pela arrebatadora presença de representantes das mais variadas manifestações religiosas, abrindo caminho pelo corredor principal da Catedral e fazendo daquele o mais fantástico encontro espiritual do mundo.
Um dos acontecimentos mais tradicionais da história do Festival, a missa folclórica aconteceu na tarde de domingo atraindo centenas de pessoas até a igreja. Com início por volta das 17h, o ritual foi aberto com a chegada de cada uma das delegações de países estrangeiros e estados brasileiros, que proporcionaram um espetáculo tão fascinante quanto o apresentado no palco. Trajando seus figurinos mais elegantes para a ocasião especial, adentraram a Catedral cada qual com as suas tradições: enquanto Turquia e Itália marchavam ao som de canções quase formais, o Panamá fez vibrar as paredes douradas da igreja ao som de cantos alegres e tambores enérgicos. Da mesma forma abriram caminho estados brasileiros como Paraíba e Espírito Santo, lembrando rapidamente aos gaúchos a riqueza de sua cultura que tanto se manifesta na fé.
Ao longo da cerimônia, cada país fez a sua participação com uma música ou uma oração, sem que fosse preciso compreender o idioma falado para entender a mensagem de amor e esperança que inevitavelmente traziam. Da mesma maneira, subiram ao púlpito para anunciar suas preces, a maioria delas agradecendo por aquele momento, orando pela organização do Festival e desejando paz e sucesso para os próximos dias. Em seu sermão, o padre enalteceu a coragem dos artistas em deixar seu países e vir de tão longe para trazer alegria e união. Após entregar singelas oferendas no altar, criando um pequeno memorial das diferentes religiões em torno do mundo - entre elas uma imagem de Nossa Senhora entregue à Catedral pela delegação do Chile -, os grupos deixaram a igreja em estado de graça, abençoados por Deus e por Passo Fundo, e prontos para enfrentar uma longa e intensa semana de desfiles e apresentações. Em meio a toda a euforia e animação que caracterizam o Festival Internacional de Folclore, a missa folclórica é o momento de refletir, pedir e agradecer, e principalmente perceber que a religião não deve ser jamais uma barreira que separa, mas o caminho que todos compartilham para enfrentar a vida.
Missa folclórica: um espírito universal
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