Luiz Carlos Borges grava DVD

Luiz Carlos Borges comemora 50 anos de carreira com gravação de DVD ao vivo em Passo Fundo

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Gerson Lopes/ON

Condensar uma obra que levou meio século para ser construída em um repertório de apenas 20 músicas, não foi tarefa fácil para o instrumentista, compositor, arranjador e cantor, Luiz Carlos Borges, que este ano completa 50 anos de carreira. Afinal de contas, são cerca de 600 composições, entre temas instrumentais e canções, gravadas em 32 discos. As comemorações da data iniciaram por Passo Fundo, com a gravação da primeira, de três etapas, de um DVD, previsto para chegar ao mercado a partir de março de 2013. O show aconteceu quinta-feira à noite, no Haras MD. A próxima gravação está marcada para o dia 26 de outubro, no Teatro São Pedro, na Capital. Ainda em tratativas, a conclusão do trabalho poderá ser em São Borja. “Quando entrei pela primeira vez na Argentina, varei de balsa no Passo de São Borja. Historicamente este momento foi muito importante para mim, porque sou um chamameceiro. Trouxe o chamamé para o Rio Grande do Sul, e o empurrei para dentro do Estado. Não quero dizer com isso, que fui o primeiro, mas hoje o ritmo é tocado igualmente com o vaneirão” observa.

Natural de Santo Ângelo e com um trabalho reconhecido em todo o Estado, Borges disse ter escolhido Passo Fundo para gravação do DVD por três motivos: o desafio de realizar um show dentro da programação de uma competição de hipismo, até então inédito para ele. O carinho que tem pela cidade, desde o período em que  rodava o Estado tocando com os irmãos Borges. E, principalmente, pela amizade e parceria musical construída ao longo de sua carreira com os passo-fundenses, Osvaldir e Carlos Magrão, Alegre Corrêa e Yamandu Costa.

“Há muito tempo não encontrava o Alegre. Fizemos um trabalho no Brasil, e também na Europa. Ele foi a pessoa que abriu as portas para mim lá fora. É um prazer encontrá-lo novamente. O Yamandu, também desta cidade, é considerado um dos maiores músicos do mundo. Sempre que surge a oportunidade tocamos juntos. Além dos amigos, Osvaldir e Carlos Magrão, que gravaram músicas minhas. Posso dizer que estou me sentindo em casa” afirma. Além da presença deles, o show contou com a participação especial do compositor e cantor, Pirisca Grecco, e da cantora Shana Müller.

Acompanhado de sua banda, Borges empolgou o público, que suportou o frio e até mesmo alguns pingos de chuva na abertura do espetáculo,  ao interpretar  clássicos da música gaúcha,  como Tropa de Osso, Romance da Tafona, Florêncio Guerra, Baile de Fronteira, além de temas instrumentais, entre eles, Fotografia, em parceria com Beto Bollo, do disco Gaúcho Rider, gravado com o Grupo Alma, do qual Alegre fazia parte,  em 1991 na Suíça.
“Procurei escolher composições que me deram mais retorno do público, mais trabalho. Não tenho gosto especial por minhas canções. Amo todas elas, como grandes filhos. Não sou nenhum convencido em achar que minha obra é grande coisa, mas posso dizer, com toda certeza, que ela é honesta, limpa, transparente. Não tem mentira na minha obra. A canção tem de ser livre, nascer de uma inspiração” define.

Influências de Borges
Três convidados especiais para a gravação do DVD de Luiz Carlos Borges, os passo-fundenses, Alegre Corrêa, a dupla, Osvaldir e Carlos Magrão, e Yamandu Costa, comentaram sobre a influência do artista em suas obras.

Alegre Corrêa -  “Conheci a música do Borges no início dos 80, na Califórnia da Canção. Estive lá com o compositor Jerônimo Jardim. Vi ele tocando aqueles vanerões sofisticados. Nunca tinha visto um cara admirar tanto a cultura dele e transformar isso em algo musicalmente muito interessante. Durante nossa primeira conversa, falei que Hermeto Pascoal, o qual já conhecia, iria gostar muito da forma como tocava. Justamente transformar a música gaúcha em um  virtuosismo maravilhoso. Da mesma forma como fizeram os nordestinos, Dominguinhos, Osvaldir do Acordeon, e o próprio mestre, Luiz Gonzaga. Acho que ele gostou do que eu falei. Me convidou para gravar um disco com ele em Porto Alegre. Depois tocamos juntos durante três anos. O Borges foi o primeiro e maior contato meu com a música gaúcha. O pouco que sei aprendi com ele. Também gravamos um disco na Suíça, e participamos de um festival em Viena. Há sete anos  não nos encontrávamos. É sempre um grande momento poder tocar ao lado dele”.

Osvaldir e Carlos Magrão – “O Borges é uma lenda viva do Rio Grande do Sul. Ele consegue ser um grande compositor, acordeonista, violonista e cantor. Deus foi muito generoso com ele. Tivemos a felicidade de gravarmos a canção Tropa de Osso, um marco na música gaúcha. Esse DVD será um registro histórico”.

Yamadu Costa – “A influência do Borges na minha carreira é fundamental, principalmente pela concepção. É um trabalho de raiz muito forte, ligado às tradições gaúcha e latino- americana, mas com a cabeça aberta, sem tantos ‘ismos’. Preciosismos que não interessam muito quando se trata de arte de verdade. O Borges sempre foi um símbolo disso, falou de sua terra de forma aberta, integrando a música gaúcha e argentina, com uma coerência muito grande. Quando a gente vê um artista deste porte, percebemos que ter talento apenas é uma coisa muito pequena. Poder comemorar em Passo Fundo, uma data como esta, é uma grande honra. Estar de volta em casa, com amigos tão queridos, como o Alegre e o Osvaldir e Carlos Magrão. É um reencontro com minha história musical. Passo Fundo é o início de tudo, através de meu pai, que abriu as portas para tantos artistas” 

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