Segundo ON
O que é como oxigênio pra você? E o que lhe deixa sem ar? A noção daquilo que é tão essencial na vida quanto o ato de respirar pode até ser relativa, mas não há quem responda a essas perguntas sem precisar parar um pouco para pensar. De certa forma é disso que fala o espetáculo Oxigênio, da Companhia Brasileira de Teatro. “O texto trata dos mais variados assuntos contemporâneos, e discute tudo isso investigando o que é essencial na existência”, explica o diretor Marcio Abreu, que repete o sucesso de produções anteriores nesta nova montagem. Vencedor do 6º Prêmio Bravo! Bradesco Prime de Cultura pela peça Vida, o grupo se apresenta em Passo Fundo nesta terça-feira por meio do Circuito Sesc Palco Giratório, trazendo ao público uma das peças mais elogiadas pela crítica especializada do centro do país na atualidade.
Na trama encenada pela atriz Patrícia Kamis e pelo vencedor do 24º Prêmio Shell de Teatro Rodrigo Bolzan por esta atuação, um homem e uma mulher “falam, pensam, discutem, esbravejam, cantam, dançam, especulam, se buscam, se torturam, se provocam e se amam, em torno da fábula de Saniok, que mata sua mulher por falta de oxigênio”. Moderna e inovadora, a peça conta com dez cenas organizadas a partir dos dez mandamentos, e escritas em forma de canções de rock. De maneira caótica, poética, musical e violenta, se fundamenta na mistura de todos os assuntos mais presentes na nossa época. “Há uma série de reflexões como o amor, a violência, quais são as questões essenciais para o homem, como sobreviver a situações limite, o que é ético, enfim, sinto que Oxigênio toca principalmente a minha geração, de 1970, que é cheia de incertezas”, explica o diretor.
Raízes na Rússia
A história que conduz esses questionamentos é a de um homem chamado Sacha, que mata sua mulher com uma pá depois de se apaixonar por outra, também chamada Sacha. Ainda que intrigante e quase absurda, a trama não é o centro de Oxigênio. “Assim como na peça Vida, a forma como a história é contada é fundamental para que ela toque o espectador, não só pelo intelecto, mas também por outros sentidos”, completa Abreu, referindo-se a uma das principais características do grupo: apropriar-se de textos no lugar de apenas encená-los em moldes convencionais.
Nesse caso, a Companhia Brasileira de Teatro se apropria do texto até então inédito no Brasil “Kislorod”, do dramaturgo e diretor russo Ivan Viripaev. Nascido na Sibéria em 1974, começou a carreira ainda jovem com a peça Sonhos, em 2000. Três anos depois apresenta Kislorod, ou Oxigênio, e logo na estreia o espetáculo se torna sucesso absoluto em Moscou, realizando turnês internacionais e recebendo inúmeros prêmios. Após ser adaptado para o cinema em 2008, o texto ganhou sua versão brasileira pelo grupo curitibano em 2010.
Com um texto ágil e impactante, elementos atrativos como a música ao vivo e atuações amplamente elogiadas, a peça é um dos pontos altos da programação do Sesc Passo Fundo para o mês de outubro, depois de ter fechado setembro com chave de ouro trazendo Beth Goulart na produção Simplesmente eu, Clarice Lispector. O espetáculo Oxigênio, da Companhia Brasileira de Teatro, de Curitiba, acontece hoje, dia 2 de outubro, às 20h, no Teatro do Sesc Passo Fundo, com classificação etária para maiores de 14 anos, duração de 80 minutos e entrada gratuita mediante retirada de convites no Sesc.
Quando falta o ar
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