Se o patrono é uma espécie de protetor, padroeiro e defensor, segundo o dicionário, aqui ele bem que poderia ser simplesmente chamado de padrinho. Uma figura adorada pelas crianças, que assume a responsabilidade de amar e criar como se fizesse parte da família, sempre alegre e com alguma boa história pra contar. Carlos Urbim, patrono da 26ª Feira do Livro de Passo Fundo, é o legítimo padrinho que toda criança gostaria de ter. Jornalista gaúcho de longa data, há quase 30 anos entregou-se à paixão pela literatura infantil e nunca mais a largou, publicando dezenas de títulos de sucesso, entre eles Um guri daltônico, Dinossauro Birutices, Uma graça de traça, Caderno de temas, Saco de brinquedos e Álbum de figurinhas. Três anos após ser eleito patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, ele volta a assumir o papel desta vez em Passo Fundo, trazendo ao público infantil e também a pais e professores a sabedoria de um homem que decidiu prolongar o encanto da infância através da literatura. Confira abaixo a entrevista com o patrono.
Qual a responsabilidade ao receber o convite para Patrono da Feira do Livro de Passo Fundo?
É corresponder à distinção e à honraria. Ser convidado para ser patrono torna-se reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.
Como será sua participação? O que espera do público?
Pretendo apresentar minha obra aos passo-fundenses de forma simples e despojada. Espero que o público reaja bem.
Suas obras são voltadas para o público infantil, elas refletem a riqueza cultural da sua infância? De que forma?
A maior parte dos títulos publicados é destinada ao público infantil. Tento recuperar a vivência que trago de Santana do Livramento, onde nasci. Reproduzo em meus livros as lembranças da época em que fui criança.
O livro Bolacha Maria aguça o olfato e o paladar. Pode-se dizer que ele é resultado da sua paixão pela cozinha? Por quê?
De certa forma, sim. Gosto de me aventurar na cozinha. Mas “Bolacha Maria” não trata apenas de lembranças culinárias. É um apanhado de recordações de alguém que foi menino na Santana dos anos 1950.
O senhor falou em uma entrevista que quer que seus poemas cheguem às mãos das crianças como brinquedos. Como isso reflete em suas obras e também em seu dia a dia?
Minha maior pretensão é que meus livros cheguem às crianças de maneira alegre, brincalhona. Tento reproduzir isso no meu cotidiano. Quando vou a escolas conversar com alunos, procuro bater um papo bem descontraído. Para que meu tipo de literatura funcione como complemento divertido.
Percebe-se que o artesanato é algo constante em sua vida. Quando isso começou e qual a relação de suas obras com as peças que cria?
Sou apenas um artesão bem amador. Gosto de inventar coisinhas. Aproveitei isso para criar ilustrações para o livro “Na Noite Estrelada”, com galhos, porongos, pedras, bolas de gude depois fotografadas por Luiz Eduardo Achutti.
É possível viver só da venda de livros? Quais sacrifícios envolvem esse trabalho?
No meu caso, não posso depender apenas da venda de livros. Preciso trabalhar o tempo inteiro, produzindo textos jornalísticos e participando de eventos literários.
No Brasil os livros ainda são considerados muito caros. O que pensa sobre isso?
O preço dos livros no Brasil ainda é uma grande barreira entre o autor e o leitor. Aos poucos, os governos vêm desenvolvendo projetos que distribuem exemplares e garantam a renovação de bibliotecas. Acho que essa é uma das saídas para a barreira do preço.
Como é o seu processo de escrever?
A gente é escritor 24 horas por dia. Tento escrever diariamente. Quando menos se espera, aparecem ideias. É preciso ter disciplina para transformar o que a gente pensa em livro.
Tem algum projeto em andamento?
Bem devagarinho, estou compondo um texto para que as crianças saibam como é a viagem de trem Maria Fumaça entre Santana e Porto Alegre.
(Entrevista com colaboração de Cristine Kayser da Silva)
O patrono Carlos Urbim conversa com o público no sábado, dia 3, às 14h30, e faz sessão de autógrafos logo em seguida, a partir das 15h30. Não perca!
O patrono padrinho!
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