Em poucos minutos as ruas da Praça Marechal Floriano, onde acontece a Feira do Livro de Passo Fundo, é tomada por crianças. Na tarde mais movimentada desta edição da Feira, os organizadores levaram um susto. Cerca de 800 crianças chegaram para acompanhar o bate-papo com a escritora Ingrid Biesemeyer Bellinghausen, sobre o seu último livro: O mundinho sem Bullying.
O susto inicial, aos poucos, foi passando e as crianças foram sendo acomodadas. Apenas duas escolas tinham agendado a participação no bate-papo. As outras 8 vieram visitar a feira, se interessaram pelo assunto e acabaram ficando. Problema nenhum para a organização: “Todos são bem-vindos, a gente só se preocupa com a acomodação e com a segurança das crianças,” garantiu Vania Rita Grazziotin, presidente da Associação de Livreiros de Passo Fundo.
Autora de uma coletânea com 11 livros intitulada O Mundinho, Ingrid se mostrou surpresa, mas muito feliz com a plateia, que não deu descanso: “Eu esperava umas 300 crianças, mas eu adorei. É uma ação super válida para aproximar o autor dos leitores”. As crianças também gostaram, ouviram atentamente e perguntaram. Muito. Apesar da diversidade de assuntos que trata em seus livros, o bullying foi o mais recorrente. Motivadas por seus trabalhos nas escolas, as crianças queriam saber tudo sobre o livro: em que a autora se inspirou para escrever, quanto tempo demorou, como fez as ilustrações. Ingrid, pacientemente e com muito bom humor, apesar do calor, respondeu a todas as perguntas e ainda enfrentou a sessão de autógrafos.
Talvez o grande atrativo de seus livros, além dos temas, sejam as ilustrações. A escritora que também é artista plástica toma conta da arte dos livros. Defensora do meio ambiente, apresenta livros muito coloridos e impressos em papel reciclado. O mundo, aliás, é uma de suas grandes preocupações. A cada novo livro, traz um novo mundo para os pequenos: “eu me inspiro pensando nas coisas do mundo”. Inspiração que surgiu, coincidentemente com a chegada do seu primeiro filho. Ontem, Ingrid pôde ver seu mundo estampado no rosto de cada uma das 800 crianças que visitou a Feira. Cansada? Não. Ela disse já estar acostumada com o público infantil. Não um público tão grande, é claro. Já para os professores, o trabalho foi redobrado. Esses sim, não tiveram descanso. Nada com que não estejam acostumados também. Com um pouco de paciência e organização, tudo sempre se ajeita, até mesmo o mundo.