Um mercado público, geralmente, se salienta pela investida do vendedor ao cliente: descontos jogados aos gritos e promoções espalhadas pelas paredes. Nos corredores da Feira do Livro, no entanto, os gritos de desconto são silenciosos e as promoções se escondem no amontoado de páginas. Garimpando entre as livrarias, é possível encontrar descontos que vão de 15% a 70% e, suportando o calor e a multidão, verdadeiros tesouros podem ser levados para casa sem a necessidade da popular pechincha.
A Feira do Livro é, geralmente, a oportunidade em que a cidade se concentra na propagação da cultura. Em Passo Fundo, Capital Nacional da Literatura, fora as Jornadas, que acontecem de dois em dois anos, é justamente nessa tradicional semana de novembro que crianças, jovens e adultos dedicam parte do seu tempo ao ambiente literário e é exatamente em função da grande circulação de público que os descontos se justificam. A população, unida num grupo invisível, clama sutilmente por descontos. A Feira do Livro atende.
Para início de conversa, toda livraria associada à ALPF – Associação dos Livreiros de Passo Fundo – e que tem seu espaço na Feira do Livro é obrigada a fornecer 15% de desconto nos livros novos. Com isso, a vantagem já está garantida. Livros que estão no topo dos mais vendidos, como o Cinquenta Tons de Cinza, por exemplo, esgotam das prateleiras das livrarias em pouco tempo. Em cinco dias de Feira, só na Livraria Maneco, 250 exemplares do primeiro volume da trilogia da britânica de E. L. James já estão passeando pela cidade, nas mãos dos leitores. Os descontos favorecem a venda e livros que estão na mídia são os preferidos.
Preferidos, mas não os únicos. Na Livraria Delta o chamado saldão de livros tem espaço e procura. Oferecendo até 70% de desconto, livros que geralmente ficam de lado são os primeiros a parar nas mãos de quem passa por ali. Além deles, outros livros expostos tem a possibilidade de 25% de desconto. A Nobel segue a mesma linha: 15% nos livros novos e o restante das prateleiras é preenchido com livros que têm até 65% de desconto.
O preço baixo pode ser encontrado, também, na Maneco, onde o diferencial fica por conta dos livros de Direito: ao invés de custar R$ 100, o livro pode ser adquirido por R$ 40 ou R$ 50. Além disso, os livros infantis podem ser encontrados pela metade do preço e os importados com até 25%. A Livraria Educar, por expor apenas em eventos, trabalha com livros que são resgatados de livrarias que estão fechando pelo Brasil, então, por ali, são encontrados alguns títulos únicos e os descontos vão de 15% a 75%, basta procurar.
E para quem acha que o livro é o único personagem da Feira do Livro, o vinil vem provar que não é bem assim e que ainda está, sim, na moda. No Sebo Café, são vendidos de R$ 20 a R$ 60 e obras dos Beatles ou dos Rolling Stones estão ali disponíveis para os amantes dos anos 80 e 90. Também, coleções épicas como Sabrina, Julia e Jéssica são vendidas por R$ 5 ou R$ 10. Seguindo, na Seicho-no-ie e na Livraria Diocesana os descontos seguem variam entre 15% e 25% e na Leax, livraria espírita, os evangelhos vendidos a R$ 2,99 são o principal atrativo do espaço.
O silêncio dos descontos da Feira do Livro é enganoso. Eles estão ali, aos sussurros. Mas basta uma chance: quando lhe é permitido, o livro se joga gritando pela leitura. E, bom, se antes o bolso era uma desculpa, agora não é preciso nem chorar: sorrindo, você pode levar um livro para casa.