Fantasia: refere-se ao que, a princípio, não existe, ao que é criado pela imaginação.
A literatura fantástica, com seus dragões, elfos e hobbits, ganhou o gosto do mundo e tornou-se um grande expoente da literatura contemporânea. Nomes como J.R.R. Tolkien e Rick Riordan levaram as mitologias nórdica e grega ao imaginário de muitas pessoas. O que poucos reconhecem é que o folclore brasileiro também tem suas fantasias: saci, mula sem cabeça, curupira, Iara e boitatá, muitas vezes, são ignorados por nós que valorizamos muito mais o que vem de fora do que a nossa própria cultura.
Trazer esse debate para o público infanto-juvenil na 26ª Feira do Livro de Passo Fundo foi a proposta de Chistopher Robert Kastensmidt, autor da série A bandeira do elefante e da arara, coletânea com 3 livros que resgatam a história e o folclore brasileiro na literatura fantástica. Cristopher ressalta que o folclore brasileiro é rico e tem muita coisa para contar, mas questiona: por que a gente vai ao cinema para ver a mitologia nórdica e grega ao invés de assistir ao folclore brasileiro? Será que um dragão é muito mais interessante que o boitatá? Boa pergunta.
Algumas tentativas de levar o folclore brasileiro aos próprios brasileiros já foram feitas. Monteiro Lobato é o mais conhecido deles. Segundo Christopher, para falar sobre folclore, um escritor não repete as lendas, apenas se inspira e cria algo novo, uma versão mais agradável. Foi exatamente esse o recurso que Lobato usou. Deu certo: o Sítio do Pica-pau Amarelo conseguiu conquistar os brasileiros, e os estrangeiros: “Muitas pessoas menosprezam as lendas brasileiras, mas fora daqui as pessoas adoram, é uma coisa diferente para eles,” comenta o escritor. Christopher também é um exemplo de que o as lendas do Brasil podem interessar. Seus livros foram publicados em outros 5 países, além o Brasil. Ele conta que se surpreendeu: “quando publiquei lá fora, eu pensei que todos iam gostar, porque é algo inédito e, no Brasil, a receptividade acabou sendo boa também. As pessoas se identificaram na própria história do país. Há um sentimento de pertencimento”. Infelizmente, precisou um americano perceber isso.
Para Christopher, a literatura é uma droga que pode ser consumida à vontade. Entusiasta da história, ele conta que na hora de criar “tudo se mistura na cabeça e surgem as histórias”. Na cabeça dos pequenos, na tarde de quinta-feira, muitas histórias devem ter surgido. Com dragões, elfos, sacis, Iaras cada um criou seu mundo imaginário. Pelo menos por uma tarde, eles puderam ser heróis que suportaram o calor para adentrar na historia do folclore.