Longevidade, para o Aurélio, relaciona-se com a duração da vida – vida, obviamente, longa, mas não só longa, como saudável. Casablanca, apresentado pela primeira vez há 70 anos, envelhece assim – saudável. Considerado, hoje, a fórmula perfeita do drama, só o é assim porque o diretor, Michael Curtiz, soube lidar com a história e com Hollywood. No papel, o filme poderia ser bem diferente.
1942. II Guerra Mundial. Os Aliados - reforçados pelos EUA - invadiram o Norte da África e tomaram do Eixo, Casablanca a cidade estratégica da guerra. No mesmo dia, 1.500 pessoas reuniram-se para assistir a première – deliberadamente antecipada para a data – de Casablanca, o filme. A época exigia uma preocupação com a guerra e o cinema, como fonte de entretenimento, deveria ser pioneiro. O conflito deveria ser, portanto, um ponto de interesse do filme na medida em que servia, também, para dar esperança e conforto. Rick, Ilsa e Victor invadiram as telas para fazer romance. A guerra ficou nos campos de batalha.
O equilíbrio dos opostos seja, talvez, o maior segredo do roteiro de Julios Epstein e Philip Epstein – a força dos diálogos em contraponto com a suavidade do alívio cômico. Na tela, a contradição captura olhos, ouvidos e corações. A saúde do longa é indiscutível e, mesmo aos 70 anos, a sua consciência não muda. Casablanca é o filme hollywoodiano que melhor lida com o estereótipo do clichê – assume para si o papel e faz dele uma estratégia de sucesso.
A velhice, no entanto, não poderia chegar sem a novidade. 70 anos após a primeira apresentação, a Warner Bros recuperou um texto escrito por Howard Kock há 30 anos e que propõe a continuidade do longa. O filme Return to Casablanca, ainda não tem um diretor, mas sabe-se que história gira em torno da busca de Richard, filho de Rick e Ilsa, em encontrar o pai que desapareceu durante a guerra.
Se Casablanca fez sucesso, o retorno da aura do filme não fará mal algum. Só resta esperar.