Em 1982 as lojas recebiam em suas prateleiras um disco que, ninguém sabia, mas mudaria a forma de ver e perceber a música. Thriller, 30 anos depois de seu lançamento, é considerado a bíblia da música pop contemporânea. Uma mistura. Ou várias misturas – com o disco de 82, Michael Jackson destruiu as fronteiras entre música branca e música negra, colocou o soul no mesmo pacote do pop e pisou na geração seguinte ao fazer de Thriller uma das últimas produções predominantemente analógicas, ao mesmo tempo em que baterias eletrônicas foram incorporadas ao montante final.
A música, a partir de Thriller, mudou. A vida de Michael também. Antes, um dos componentes do Jackson Five. Com o moonwalk, em Billie Jean, ganhou o título do Rei do Pop e foi assim eternizado. Em MJ a cultura pop trocou de direção e conquistou novos rumos. Símbolo de duas gerações – a moderna e a contemporânea -, Thriller é o ícone da genialidade de Michael Jackson. O sucesso do álbum foi impactante na indústria fonográfica que, na época, não contabilizava bons números e seguia em busca de alguém capaz de elevar as vendas. Então, Michael apareceu com uma proposta tão irreverente quanto foi a sua carreira ao longo dos anos. Os videoclipes, por exemplo, ganharam a característica das superproduções e tornaram-se, em Michael Jackson, curtas-metragens.
Os clipes do álbum - Beat it, Thriller e Billie Jean- tornaram MJ um artista completo: além do canto, foi o responsável, ao lado de cineastas renomados como John Landis – de Um lobisomem americano em Londres - pela ideia dos roteiros, pela coreografia e pela caracterização. Com zumbis que levantam de tumbas e uma fuga de paparazzi que resulta em uma dança iluminada, Michael reinventou o cenário musical e abriu o espaço para que a música percorresse por outras áreas. Expoente disso, emissoras de TV com o espaço totalmente destinado à música obtiveram maior espaço na programação e possibilitaram o aumento da popularidade de inúmeros artistas. Michael, por exemplo, teve seus clipes nas telas duas vezes por hora. O videoclipe está, hoje, na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, no Registro Nacional de Gravações, por ser considerado “culturalmente significativo”.
Das telas para as listas: Thriller bateu todos os recordes. O sexto álbum do de Michael, em pouco mais de um ano, se tornou o álbum mais bem sucedido de todos os tempos. Desse posto, nunca mais saiu. As vendas, hoje, ultrapassam as 100 milhões de cópias em todo o mundo. Ao todo, são nove canções que compõe o disco – sete delas foram lançadas como singles e todas chegaram às dez primeiras posições da Billboard Hot 100 e o álbum ficou 80 semanas no top 10 da revista – das 80, 37 delas foram na primeira posição. Ainda, no Grammy de 84, Thriller levou oito premiações. No Guiness, é o disco mais vendido da história, adquirido por 140 milhões de pessoas até 2006. Se havida dúvida, os números a fazem sumir.
São apenas nove canções. Apenas nove e o mundo inteiro transformado. Nove canções e uma história traçada. Thriller pode ser considerado, talvez, um disco que pertence aos mitos da música. Que assim seja. Mitos nunca morrem.