Há muito mais em 2012 do que a polêmica trilogia dos Cinquenta Tons. Entre escritores espanhóis e a literatura fantástica 2012 foi um prato cheio para os amantes da literatura.
Cinquenta Tons de Cinza, Cinquenta Tons mais Escuros e Conquenta Tons de liberdade - E. L. James
Polêmico e inovador. Duas palavras bastam para classificar a trilogia pensada por E. L. James e que, em 2012, foi o primeiro lugar absoluto nas vendas e na leitura de jovens e adultos. Preconceitos à parte, antes mesmo de ser lançado no Brasil, o primeiro volume - Cinquenta Tons de Cinza - já representava 25% do mercado americano de ficção adulta. O terceiro volume - Cinquenta Tons de Liberdade - encerra o ano sendo considerado o
melhor romance de 2012. O sucesso - devido ao caráter erótico da obra ou à ousadia da autora em retratar alguns desejos obscuros da sexualidade - deu a E. L. james o título de uma das bem mais sucedidas escritoras do século XXI. Cinquenta Tons de Cinza precisou de apenas 6 meses para vender 20 milhões de cópias. Enfim, Cinquenta Tons é para ser amado ou odiado e somente lendo para enquadrar-se em uma das opções.
As Crônicas do Fogo e do Gelo - George R. R. Martin
O sucesso de George R. R. Martin é, também, absoluto. Ou os livros geraram os ucesso da série de TV - inspirada na obra - ou vice-versa. Independentemente do que causou o sucesso, As Crônicas do Fogo e do Gelo pode ser a nova queridinha daqueles que prefere Tolkien, Rowling e a literatura fantástica que esses autores trazem na escrita. A série já vendeu quase 15 milhões de exemplares e já foi indicada para diferentes prêmios literários como o Locus, o Nebula e o Hugo. O autor começou a desenvolver a história há quase 20 anos e o primeiro volum e foi lançado, originalmente, em 1996. A princípio, Martin pensou em uma trilogia. Hoje, já existem 5 livros publicados e mais dois planejados. Graças a Deus. Os livros são baseados em três segmentos da história: o primeiro conta a história de uma guerra civil dinástica entre várias famílias concorrentes pelo controle dos Sete Reinos; o segundo fala sobre a ameaça crescente das criaturas sobrenaturais conhecidas como os Outros; o último segmento se restringe à ambição de Daenerys Targaryen, a filha exilada de um rei assassinado em uma outra guerra civil treze anos antes, prestes a voltar à sua terra e reivindicar seu trono de direito. É muita história, muito personagem e pouco medo de mudar tudo, desde uma vírgula até a morte de um ou dois personagens que você achava que eram decisivos para o enredo.
1Q84 - Haruki Murakami
1Q84 foi um dos livros mais esperados do ano. O resultado? 400 páginas impossíveis de tirar os olhos por seghundos, que sejam. É, na verdade, uma saga de três volumes: no primeiro, recém chjegado, ele narra duas histórias que aos poucos vão se cruzando no ano de 1984: a de um serial killer e a de um escritor. As páginas são universos paralelos: assassinatos e histórias de amor.
Jogos Vorazes - Suzanne Collins
A primeira vista, pode parecer uma trilogia substituta para Harry Potter ou Crepúsculo, mas ao analisar o conteúdo se difere totalmente. Devido a estreia de um filme que leva o mesmo nome, os livros ganharam maior atenção. Merecida, diga-se de passagem. em um romance questionador e constestador, Collins consegue falar de futuro sem um ar invencionista. O enredo? Resumidamente, é um Big Brother que propõe que jovens se enfrentem em batalhas por sobrevivência. O diferencial? Apenas um sobrevive.
A vista cruel do tempo - Jennifer Egan
Simplesmente o ganhador do Prêmio Pulitzer. Simples assim. Jennifer faz, aqui, um retrospecto do cenário da cultura pop dos últimos 40 anos e prevê os próximos 10. Pode ser considerado louco e fora da realidade, mas, na verdade, é um clássico que fala de amor. Ok, a autora avança na história, recua, fala do presente, traz o passado, muda a pessoa da narrativa. Mas, segundo a crítica, com um detalhe: é tão bem escrito que chega a assustar.
Ar de Dylan - Cosac Naify
Também é espanhol e conta a história de Vilnius Lancastre, um publicitário fracassado e cineasta de um único curta-metragem. O título se deve a semelhança do personagem com Bob Dylan. Após um acidente, o cineasta herda a memória do pai. É uma história alucinante que fala de originalidade e identidade. É justamente a loucura que o resumo traz que impele a leitura.
Os Enamoramentos - Javier Marías
Representante dos escritores espanhóis, Os Enamoramentos é um dos melhores livros do ano porque é doce. María, editora de livros, admira todas as manhãs um casal que julga ser perfeito. Separados por uma morte, a viúva se aproxima de María e esta passa a conhecer a história do casal de perto. Envolvida em um cenário que não é o seu, María percebe que nem tudo é o que parece e se dá conta que o amor, no fim das contas, se transformou em ódio. A história é narrada em primeira pessoa, pela editora de livros, e os sentimentos desta atingem, em cheio, o leitor.
Barba Ensopada de Sangue - Daniel Galera
De autoria brasileira, Barba Ensopada de Sangue é uma surpresa. Uma condição neurológica rara faz com que o protagonista seja incapaz de memorizar rostos., inclusive o seu. Momentos após olhar no espelho, o esquecimento surge em sua mente. Ele vive, então, de pequenos detalhes e recombinações de falas e partes do corpo. A história, a vida do eprsonagem, parece saber para onde vai desde o início. A narrativa é construída com segurança e precisão. É o livro que consolida Galera como um escritor sério e de qualidade no cenário da literatura brasileira.
Serena - Ian McEwan
Uma história de espionagem que ganhou o mundo. Serena tem de tudo: reviravoltas, imprevisibilidade, grandes surpresas que levam o livro a uma literatura leve, já que, no meio de tudo, há tempo para o amor entre uma amante da literatura e um escritor que, impelido por ela, escreve um livro anticomunismo no meio da Guerra Fria. McEwan se difere de outros autores por ter coragem de trazer uma personagem feminina para o centro de um acontecimento histórico. Ponto para ele.