lhares atentos se destacam da multidão. Em meio a corredores de lojas, o brilho, quem vem do olhar de uma criança, procura não por novas aquisições, mas por uma sala.
Como quem busca o fundo do armário que, talvez, possa proporcionar uma viagem; como quem olha pela janela, a espera de uma fada que te ensine a voar; como quem sente-se convidado para um chá com um coelho e um louco. Assim, como quem pertence a um conto de fadas, o olhar de uma criança procura uma sala que, diante da imensidão de um shopping, se faz pequena, mas se agiganta.
Se agiganta porque abriga a magia. A mesma magia que possibilita a viagem pelo guarda-roupa, o voo ou o chá. Ali, na Sala de Eventos do Shopping Bella Città, pelo menos nos domingos, alguém viaja – por sabores, cores e gestos. Sim, viaja, sem sair do lugar, porque teatro é embarcar em um outro mundo e perder-se por lá.
O projeto, que chega em 2013 à sétima edição, já exibiu dezenas de peças e oficinas e atingiu milhares de pessoas. Coordenado por Beto Mayer, é uma iniciativa da cultura em Passo Fundo que visa tornar acessível à crianças, jovens e adultos, peças de teatro. Para viajar não é preciso esperar uma peça entrar em cartaz – é só esperar o próximo domingo.
As peças, em geral, são direcionadas às crianças mas proporcionam sentimentos e novas sensibilidades a quem as acompanha. O olhar atento, a inquietude, a agitação – no meio de uma plateia, o palco chama a atenção. Quando a cortina se abre, a viagem começa.
O trabalho escolhido para dar início as edições de 2013 é uma fábula, atribuída a Esopo e, mais tarde recontada e transformada no clássico de La Fontaine: A cigarra e a formiga. No clássico, a intenção é mostrar a importância do trabalho e da diversão nas horas corretas. A adaptação de Paul Beaupère conta a história de Maneco, a cigarra que sonhava em ser cantor, e passou todo o verão cantando. O sonho ultrapassou o limite.
O inverno chegou e Maneco, cansado de cantar, se deu conta: não trabalhou e, por isso, não tinha comida. Com frio e fome, resolveu pedir ajuda à vizinhança. Lalá, uma formiga, era muito rica e sempre trabalhava para conseguir comida e poder descansar quando o inverno chegasse. Quando Maneco bateu a sua porta, ela não gostou de saber que o vizinho apenas se divertiu ao invés de trabalhar. A ajuda foi negada. É dessa relação que surge a comédia e, ao mesmo tempo, o drama que ensina. A peça será apresentada no dia 06, às 18h horas, na Sala de Eventos do Bella Città. A entrada é gratuita.
Um domingo, uma cigarra e uma formiga
· 1 min de leitura