No papel em branco, o contraste colorido é quase como um intruso. Não como um inseto que invade a tarde agradável; mais parece o sol que, no meio de um azul indiscutível, se difere. No papel em branco, o preto – por menos colorido que seja – se exibe, presunçoso, entre figuras e neblina; insiste em mostrar, mas ao mesmo tempo busca esconder.
Assim, como num jogo, uma gravura se forma e, à frente dos olhos, o colorido - trans/in – forma. Entre pinturas, desenhos e relevos, a arte da gravura surgiu no século XV dentro da tradição ocidental.
As técnicas mais utilizadas, desde a era dos Mestres das Gravuras, prevalecem até hoje: xilogravura e gravura em metal preenchem os espaços de museus espalhados pelo mundo. No pampa gaúcho, o Museu de Artes Visuais Ruth Schneider é um dos espaços cuja a arte predomina.
Exposição no MAVRS
A primeira exposição do novo ano, Só Gravuras, reúne possibilidades de fazer artístico que perpassam os limites de qualquer definição: em cada obra, uma peculiaridade. A mostra é composta por três frentes: a primeira é o álbum POA 240 anos, construído por nove artistas que, ao olhar de uma forma diferente para a capital gaúcha, perceberam a delicadeza de Porto Alegre. A segunda reúne o trabalho de Xico Stockinger nos anos de 1956 e 1960, doado ao MAVRS em outubro de 2012, e mostra a rusticidade da xilogravura e o contraste do preto no papel. Ainda, completando a mostra, as obras de Ruth Schneider que trazem o Cassino da Maroca como cenário mostram a técnica do giz e do colorido.
Entre buscas por definições que possam atingir a exposição, talvez seja interessante classifica-la como uma viagem ao passado com uma técnica que, apesar de antiga, mantém-se atual. A exposição está aberta à visitação desde o dia 04 e segue até o dia 03 de março. O horário para visitação acontece de terça à sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados e domingos, das 14h às 18h.