Jimmy Dog #vai

Dez anos de estrada, dois CD?EUR(TM)s, cinco clipes e um momento decisivo: o novo trabalho chega para ser um divisor de águas no hardcore brasileiro

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Uma cidade do interior, muito quente e muito fria, tradicional demais para sair da linha. Capital Nacional da Literatura – e, pela lógica, se fosse ser berço de algo, seria de escritores. Jamais, em uma cidade cheia de morros, incrustrada no planalto gaúcho, poderia nascer um músico, ou dois deles, quem dirá uma banda. Se nascesse, ali morreria.

Não. Não precisa ser assim, não foi e não será assim. A Passo Fundo de outrora se orgulharia em ver o progresso de sua gente. Se um ser vivo fosse, a cidade teria em suas veias, um sangue que corre para o sucesso e lá chega. É berço de escritores, de músicos, de bandas, de gente que luta para mostrar de onde veio e para onde quer ir.

Um desses filhos que se desgarrou da tradição que limita e quebrou as fronteiras do Rio Grande, invadindo o centro do Brasil é a banda Jimmy Dog. Há dez anos na estrada, atingiu a maturidade se afirma, a cada novo trabalho, como uma banda que veio para passear entre as terras, sem firmar morada, mas se apoderando do gosto de quem está por ali. São dez anos de trabalho e resultados: são dois CD’s – um ainda sendo finalizado -, cinco clipes – o último, recém gravado – e um caminho que leva para a consolidação do estilo criado: o hard core virou punch core e o novo trabalho da banda é uma prova de que Passo Fundo abriga talentos capazes de conhecer e viver o ilimitado.

Os últimos dias para a banda têm sido fechados: trancada em um estúdio na Musiclass, sob a produção técnica de Samuel Quadros, a galera da Jimmy - Doug, Branco, Mathias, Shbby, Vini e o mais novo integrante da banda Jon – trabalha para inserir no segundo disco de inéditas a cara que escolheu para si. O baterista, Vini, sentencia: “o novo álbum da Jimmy Dog será o divisor de águas do hard core brasileiro”. O disco é, na verdade, uma sequencia do primeiro – a diferença está na incorporação de uma melodia groove – aquela que dá vontade de entrar na música justamente por causa do ritmo.

E esse ritmo que a Jimmy Dog escolheu impregna o novo CD que foi produzido pelo Vini e pelo Mathias, guitarrista da banda. Ao lado deles, o Doug, vocalista, ajudou na composição das músicas. O último CD foi lançado em 2010 e, em 2011 e 2012, dois singles vieram a público. Portanto, o tempo entre um CD e outro foi longo, mas, segundo a banda, produtivo o suficiente para que todos ficassem satisfeitos com o resultado. Vini comenta que rever as músicas faz parte da produção, também: “quando fazemos as canções, as guardamos para revê-las quando a cabeça já "tiver esquecido dela" - assim podemos analisar melhor a proposta do som, como está a letra, melodia, harmonia - sem que fiquemos com aquela sensação de que ela está digamos "pronta", ali no calor da hora”.

Ao todo, são 17 faixas escolhidas entre 35 que estavam disponíveis: “Não teríamos como deixar nenhuma de fora do repertório”, destaca Vini. A intenção é que o CD chegue nas mãos dos fãs ainda no primeiro semestre de 2013. A demora, como conta Vini, é em função do processo de mixagem e masterização que é lento – cada música, por exemplo, demora 20 horas para ficar pronta. “Priorizamos por um material com qualidade, até que o disco não esteja do agrado dos cinco integrantes da Jimmy, o material ficará guardado para ser lançado”, comenta o baterista.

O amadurecimento da banda mostra o quanto Passo Fundo é capaz de produzir: a banda, que já passou pela MTV, chega, também, ao quinto clipe. Produzido pela Creativa produtora, o roteiro é do Shubby e traz a letra de Tão Longe em forma de cenas. “Quando comecei a escrever o roteiro, busquei fazer um clipe "de banda", priorizando a visibilidade e a performance do grupo. E para não ficar com cara de "mais um clipe" busquei aplicar novas técnicas, novos enquadramentos, bastante novidade que aprendi ao longo do tempo”, conta o baixista.
A proposta é que quem assista ao clipe possa se surpreender tanto pela qualidade quanto pelo incremento que a banda colocou ali. Gravado em um sábado de muito calor, o clipe reúne, além da banda, amigos que fazem o papel da “galera da escola” já que a música conta a história de um casal que se conhece nos corredores da escola, entre um intervalo e outro. A diferença do clipe para os outros quatro, está na essência: Tão Longe ganha sentido porque é a própria música que fala.

Clipe e novo CD dão gás a Jimmy Dog. Ao mesclar novos instrumentos, sem perder a essência que carrega desde a sua criação, a banda não deixa espaços para questionamentos – é o que sempre foi. Passeando entre o rock progressivo, e a música latina, a Jimmy vai, também, para o funk, para o soul music e ganha colorido ao escolher alguns elementos rítmicos retirados de regiões do Brasil, como o axé. É uma mistura, mas a essência permanece ali.

O filho que a cidade vê ganhar o céu mostra que para estar no alto não é preciso nascer lá – basta que se crie asas. A originalidade é, para a Jimmy Dog, o combustível que a leva onde está. “Até então não ouvi um trabalho tão original neste estilo - posso afirmar que conseguiremos alçar vôos mais altos com este trabalho - que é único para todos nós!”, encerra Vini

 

 

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