Ansiedade. Do dicionário: angústia, aflição, grande inquietude. Desejo veemente, impaciência, sofreguidão, avidez.
Desejo veemente. Sim, se há algo que pode definir o que os apaixonados por literatura estão sentindo nesse momento, o dicionário o faz bem. A 15ª Jornada Nacional de Literatura, que se anunciou no fim do mês passado, já pode ser vista no horizonte. Ao longe, ainda, mas quase palpável por quem é um amante da lona.
O imediatismo, característico do jovem – que, aliás, é foco da festa literária – se torna mais presente: a espera por autores, livros e discussões acaba se tornando, na verdade, um grande pedaço de angústia.
Mas não precisa ser assim.
A partir desse final de semana, o Segundo – que está tão ansioso quanto você – vai te ajudar a passar pelos seis meses que faltam até que Tania Rösing suba no palco, debaixo da lona, e inicie os trabalhos da semana literária. A partir dessa edição, nas páginas do final de semana, você acompanha cada autor e toda a bagagem que traz com ele.
O primeiro escolhido é, na verdade, um trio. A quarta-feira da Jornada será abastecida com muita ficção: sobem ao palco principal Walcyr Carrasco, Elizabeth Savalla e Ary Fontoura. “O jovem da ficção à telenovela” é o tema que os três se concentrarão. Ao que tudo indica, os limites da realidade e a linha – que é intangível – entre a TV e o dia-a-dia serão foco da conferência.
Um autor de novelas. Uma atriz com mais de 40 anos de carreira. Um ator – que também escreve e dirige – que atuou em mais de 30 novelas na Rede Globo. Os três serão os donos da lona na conferência do dia 28 e, ao que parece, conduzirão o tema de forma magistral e esclarecedora. Se o objetivo é interpretar compreender e caracterizar o jovem e sua realidade, missão cumprida.
Leio com os olhos... Leio com a língua... Leio com os olhos, boca e ouvidos, pele e nariz - todos os sentidos. Leio comovido todos os sentidos da vida. Ela está chegando!
Walcyr Carrasco
O autor tem 61 anos. 24 deles dedicados à telenovela. É responsável pela autoria de grandes sucessos da TV brasileira como O Guarani – baseado no livro de José de Alencar – e Xica da Silva, que o consagrou, nos anos 90. Sua preferência é pelas adaptações: ao longo da carreira, Shakespeare e Jorge Amado estiveram presentes em seus trabalhos: o primeiro em O Cravo e a Rosa, uma adaptação livre do clássico A Megera Domada e o segundo em Gabriela, minissérie recentemente passada na Rede Globo. É um dos autores de maior sucesso do horário das 19h, mas sua estreia no horário nobre promete alavancar a audiência de uma – já falida – Salve Jorge. Além da telenovela, se dedica à literatura e ao teatro. É autor de sete peças teatrais e de livros que passam pelo infantil, por recriações, adaptações e, também, didáticos destinados às escolas. Já foi premiado, inúmeras vezes, como melhor autor.
Elizabeth Savalla
Uma das atrizes preferidas de Walcyr, Elizabeth é consagrada por papeis clássicos e de grande intensidade. Antes dos 21 anos, encarou Malvina na primeira adaptação de Gabriela, de Jorge Amado. O papel é, até hoje, considerado um dos mais importantes de sua carreira.
Ary Fontoura
Ao lado de Elizabeth, é figurinha carimbada nas novelas de Walcyr. Além de ator é escritor, poeta e diretor. Esteve presente em grandes sucessos das telenovelas como Roque Santeiro e Tieta. Quando decidiu pela carreira de ator, nos anos 40, a decisão não foi bem vista já que atuar, assim como a própria televisão, estava dando seus primeiros passos no Brasil. Persistente, Ary é, hoje, responsável por mais de 30 papeis na televisão e, também, no cinema.
Bagagem é o que não falta.