Delicado e sutil, um braço se levanta no ar. Firmes, os pés sustentam, em suas pontas, um movimento. O corpo, leve, parece flutuar. Entre um passo e outro, entre um gesto e outro – em cada detalhe, um sentimento. Em cada expressão, uma experiência. Para quem dança, o corpo se torna instrumento, confunde-se com o ritmo, se deixa levar pela melodia. No meio do acorde, eles, os bailarinos, se constroem. Perto do palco, vivenciam e se deixam vivenciar. Por meio da dança, expõem corpo e alma.
Aos oito anos, Jéssica Psendziuk se entregou à arte. O incentivo veio da avó, mas a persistência é dela. Doze anos depois, a dança – que no início surgiu como alternativa para controlar o peso – tornou-se paixão. Em meio aos CTG’s, aprendeu os primeiros passos. Logo, os vestidos de prenda foram substituídos por tutus – a famosa “saia de bailarina”. O ballet clássico tornava-se parte dela.
Apoiada pela família, seguiu em frente. Aos poucos, teoria e prática tornavam Jéssica a bailarina completa: “minha grande inspiração foi minha primeira professora, que me inseriu tanto no mundo prático da dança, quanto nos ensinamentos e fundamentos teóricos, para que eu entendesse o que meu corpo estava executando e expressando através da técnica”. Aliar tal entendimento à técnica é, talvez, o maior segredo da dança: “todos [os estilos] contribuem para formar um bailarino completo, com o chamado “corpo inteligente”, capaz de executar movimentos de qualquer ritmo, modalidade ou técnica”, comenta.
Ao longo dos doze anos que pratica, Jéssica passou por muita coisa. Entre palcos e plateias, mostrou sua arte. Ao lado do ballet, aprendeu Jazz Dance, Dança Moderna, Dança Contemporânea e Dança de Salão. As apresentações tornaram-na mais viva. Festivais, competições e prêmios fizeram-na viajar: por cidades, mas também por tudo aquilo que a arte é capaz de proporcionar. “Sem dúvida, ganhar prêmios e troféus é muito gratificante, pois é um reconhecimento da sua dedicação e trabalho. Os bailarinos ficam mais unidos, envolvidos com dança, respirando dança 24 horas por dia, fazendo com que a disciplina e a concentração se sobreponham ao nervosismo”, conta.
A dificuldade de enfrentar jurados e concorrentes de diferentes regiões do país, reconhecidos nacional e mundialmente não se compara, no entanto, com a percepção da plateia: uma reação, um olhar, um gesto - tudo, ali, é a prova de que o esforço diário vale a pena. “O que mais considero importante no meio da arte, é quando você consegue emocionar alguém que está lhe vendo”, inicia. “É muito gratificante quando o público responde com aplausos, lágrimas, sorrisos ou expressões que mostram que a sua arte, de alguma forma, atingiu-o, independente de ser um público grande, ou uma única pessoa”, completa.
A dança, também agradece: “tudo compensa quando a plateia entende o que você quer passar, a história que quer contar através movimento”. E, quando há a interação – bailarino-plateia, não há dor que impeça o espetáculo da arte. Além do agradecimento que vem do público, a dança, por ser uma das artes mais completas, ao aliar corpo e mente, ajuda no desenvolvimento da flexibilidade, do condicionamento físico e da musculatura. Jéssica acrescenta: “Exige do bailarino conhecimentos técnicos, práticos e teóricos, disciplina e concentração.” Ainda, é capaz de interferir na coordenação motora, na musicalidade e na expressão. Motivos para dançar não faltam.
Para Jéssica, por exemplo, a própria superação é o que a motiva. “Você é constantemente desafiado a dar o seu melhor, a conhecer os limites do seu próprio corpo e a superá-los”, destaca. Ela acrescenta: “A perfeição da técnica vem ao longo do tempo e conforme a dedicação do bailarino, porém o amor e a entrega durante a dança, é algo que nem técnica, nem talento podem dar, somente quem gosta do que faz transmite isso às pessoas.”
Amor e entrega. Essas são palavras chaves para quem decide mergulhar no universo da dança. Por amor, Jéssica ainda atende o pedido da avó. Por entrega, não vê obstáculos quando o objetivo é expressar. Hoje, ela é formada em Ballet Clássico pela Escola Municipal de Belas Artes Osvaldo Engel, de Erechim, monitora e ministra aulas de dança de salão e continua aprendendo. Não pretende parar: “é viciante!”, conclui.
Para quem deseja, assim como Jéssica, se aventurar na dança, a Baillar está com inscrições abertas para Oficina de Dança Livre. Ela acontecerá no Sesc, no dia 17, das 19h30 às 22. As inscrições são gratuitas, mas as vagas limitadas.
Uma história de amor a dança
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