Frutos de Roberto

A leitura se espalha pela cidade: os quiosques não são mais suficientes, os livros invadiram os ônibus e, agora, o CAIS Petrópolis

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Aos oito anos, o primeiro livro publicado. Roberto Pirovano Zanatta, desde muito cedo, foi apaixonado por literatura. Suas histórias, recheadas de aventuras, movimentaram a sua vida, a vida da família e a vida de Passo Fundo. O sonho de ser um escritor, no entanto, foi interrompido. Aos 10 anos deixou a vida; deixou, ainda, histórias, livros, jogos, invenções de uma mente que não cansava de criar.

Para o pai, Cláudio Zanatta, deixou a inspiração. Inspiração essa, que motivou a família a ir adiante, mesmo com a perda. O sonho de Roberto não morreu com ele: suas obras continuaram a ser publicadas e conquistaram espaços durante as Jornadas Nacionais de Literatura. Sua história passeia pelas ruas da cidade: atuando há 3 anos em Passo Fundo o Instituto Roberto Pirovano Zanatta desenvolve ações que busca, através de atividades sociais, estimular promover a literatura na cidade.

Com a criação do quiosque, instalado na praça Armando Sbeghen, cerca de mil títulos são disponibilizados ao público o próximo passo foi carregado de ousadia. Disponibilizar, em linhas de transporte urbano, livros, jornais e revistas para que o passageiro, em seu trajeto, possa ler. Deu certo. A linha Italac/UPF, desde 2011, tem uma prateleira capaz de transportar tanto quanto o próprio ônibus.

Ontem pela tarde, as Secretarias de Saúde, de Desporto e Cultura, Prefeitura Municipal e Instituto Roberto Pirovano Zanatta se reuniram no CAIS Petrópolis. Em meio à distribuição de fichas e filas de espera, uma iniciativa promete tornar o tempo de aguardo mais produtivo. A mesma prateleira que circula nos ônibus se encontra, agora, na sala de espera do CAIS.

O projeto Leitura no Caminho, promovido pelo Instituto e Prefeitura, é apoiado pela rede de Farmácias São João, PNAE (Programa Nacional de Assistência ao Ensino) e Produtécnica Comércio & Representações, e ganhou o aplauso de Laura. Ela tem 10 anos e costuma ir ao CAIS para atendimento pediátrico. Antes da prateleira, a espera era angustiante. “Até tinha revistas e jornais, mas não era assim”, conta admirada. O livro, repleto de contos de princesas, ganhou sua atenção.

Assim como ela, os quase seis mil pacientes mensais atendidos pelo CAIS terão a oportunidade de escolher as páginas ao invés da televisão. “A inciativa”, comenta Luiz Arthur Rosa Filho, secretário de Saúde, “é uma tendência nacional de humanizar os centros de atendimento. O livro disponibiliza um patrimônio muito mais duradouro que outras formas de lazer e tem o poder de transformar e vai acolher as pessoas que vem até o CAIS por algum tipo de sofrimento”.

A prateleira conta com cem títulos – em sua maioria infantis. A Secretaria de Saúde já colocou a disposição do Instituto outras 40 unidades.  Laura, quando voltar, vai continuar a leitura. A cidade, aos poucos, se confirma como Capital da Literatura. A interação entre saúde e educação é uma alternativa que, segundo Juliano Roso, vice-prefeito, a cidade precisava: “Estamos em um tempo muito feliz. Inauguramos a Biblioteca Municipal e agora estamos com a ampliação desse projeto. Que bom que essa semente de Roberto permanece.” As sementes permanecem e tornam-se frutos capazes de transformar e diferenciar os olhares para o mundo.

 

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