Voltar no tempo não é difícil. Entre lembranças, fotografias e sons, é na música que a máquina do tempo é, constantemente, ativada.
“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que restou...”
Basta um acorde e lá estamos. O passado não exige, mais, um olhar para trás, mas, sim, caminha de mãos dadas.
“...mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo!”
Voltar aos anos 80 e 90 é revisitar, obrigatoriamente, a história de uma das bandas mais influentes – não só da época, mas da geração e do futuro. A Legião Urbana – que lutou contra a censura, criticou o governo e questionou o país em que viveu – influenciou o pensamento de milhões de jovens. Jovens esses que, hoje, não são mais tão jovens. Jovens que são pais, talvez avós.
“Veja o sol dessa manhã tão cinza... A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos...”
Esses jovens, inspirados em Renato e companhia, cresceu. Cresceu e ensinou a geração que os prosseguia a também questionar, a também ouvir e entender o que Legião quer dizer. O sucesso da banda não ficou restrito à morte de Renato, mas sobrevive, ainda hoje. Não mais nos palcos, mas nos fones. A partir de hoje sobrevive, também, nas telas.
“Então me abraça forte e me diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo... Temos nosso próprio tempo...”
Os cinemas da cidade recebem, hoje, o longa que traz a juventude de Renato Russo. “Somos tão jovens” traz a gênese de um artista e o nascimento de um ícone. O diretor, Antônio Carlos Fontoura, busca o anonimato de Renato Manfredini Jr – um jovem, classe média em Brasília, professor de inglês e entediado – e retrata o nascimento de Renato Russo. A transição entre ambos é o tempo de duração do filme. A explosão de Legião Urbana é o minuto exato onde as luzes se apagam.
“Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas agora. O que foi escondido é o que se escondeu e o que foi prometido... ninguém prometeu.”
A proposta é, justamente, essa: contar aquilo que poucos conhecem. Uma juventude rebelde, entediada e na busca por soluções que transformem o cenário onde vive. Thiago Mendonça é Renato Russo e consegue, com sucesso, encarnar o caricato do artista. Focando especificamente em Renato e em sua juventude, o filme é dinâmico e urgente. Uma boa pedida para o final de semana.
“Nem foi tempo perdido. Somos tão jovens... Tão jovens, tão jovens...”
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