Ela não se contentou em simplesmente desenhar. Foi além e escolheu ser completa. Ruth Schneider, artista passo-fundense que completaria 70 anos nesse mês, foi – e continua sendo - a representatividade da própria arte em Passo Fundo. Pintora, gravadora, desenhista e auto-didata, Ruth nasceu na década de 40 e deixou sua história incrustrada na da cidade.
Da mente de uma artista, a indiferença frente as limitações: as obras de Ruth ignoram possíveis dificuldades impostas pelos materiais incomuns utilizados na produção. Em diferentes séries que produziu, a irreverência e a novidade com que utilizou os materiais destacam o seu traço. Em uma delas, as faces, que surgem das janelas, ou da profusão de cores em raro óleo sobre a tela, não abandonam o dinamismo característico de Ruth. Em cada obra, uma faceta da artista que, há uma década, falecia na capital do estado e deixava, marcado em cada traço da arte que produziu, um pouco de si.
Ruth Schneider seguiu os passos do expressionismo do início do século XX, repleto de traços grossos, cortes fortes e pastosas. Destacam-se as formas, as características gestuais e a pessoalidade com que a artista inseria seu gosto, seu olhar e seu cenário em cada obra. A partir das memórias de sua infância, a figura humana, por exemplo, embarca em aventuras de um mundo boêmio e instalam-se na própria cidade: inúmeras vezes o Cassino da Maroca foi alvo de seus pincéis.
Passo Fundo, no entanto, não foi o único a ser retratado: sua obra viajou e ultrapassou as fronteiras do país. Ruth expôs em países como Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Alemanha. Participou da XIX Bienal Internacional de São Paulo em 1991 e, em 1996, sete anos antes de morrer, o Museu de Artes Visuais de Passo Fundo ganhou o seu nome e seu acervo: a artista doou grande parte de suas obras.
Para Ruth, tudo era motivo para desenho. Através da cor, projetou e extraiu emoções. Toda a sua trajetória foi marcada pela preferência à figura humana. Sua fase final, no entanto, é destacada pelas intensidade das flores. As obras de Ruth Schneider contribuem para a formação cultural de Passo Fundo. Cada traço é parte da história da cidade e ajuda a compreender a pluralidade que, hoje, está estampada em cada canto.
Olhe e sinta: exposições na cidade
Ruth Schneider é foco de diferentes exposições que estão abertas à visitação desde o início do ano. A comemoração dos 70 anos de seu nascimento movimenta o Museu de Artes Visuais que leva o seu nome: Depois de três exposições e um diálogo sobre a artista, a comunidade pode conferir, ainda, nesse mês, mais uma exposições:
“Imaginário, forma e cor: Revisitando Ruth Schneider”
Aberta até 30 de junho, as obras podem ser visitadas de terça à sexta-feira, das 9h às 18h, sem fechar ao meio dia, e aos sábados e domingos das 14h às 18h. Informações pelo telefone (54) 3316-8587 ou pelo e-mail [email protected].