Parece que Hugh Jackman não vai conseguir se livrar tão cedo de seu personagem Wolverine. Quatro anos depois de estrelar X-Men Origens: Wolverine (2009), o ator volta às telas com o novo filme do herói: Wolverine – Imortal. A trama se passa no Japão, pouco tempo após os eventos de X-Men – O Confronto Final (2006) e traz a proposta de uma atmosfera mais sombria para o personagem, em uma tentativa de desligá-lo do desastre que foi o primeiro filme. No longa, Wolverine ainda é assombrado pelo fantasma de sua amada Jean Grey (Famke Janssen), já que foi obrigado a mata-la no final da trilogia original. Vagando por aí como um mendigo errante, ele é chamado a Tóquio para receber uma proposta de um antigo companheiro.
Baseado no arco dos quadrinhos Eu, Wolverine, o novo longa é o mais fiel ao personagem e não traz o tom épico presente em boa parte dos filmes dos X-Men, pelo contrário, é bem mais pesado e soturno, muito disso reflexo do próprio momento de vida do herói. Apesar de parecer banal, como se fosse apenas mais uma aventura de Wolverine, o filme se sai bem porque compreende a essência do herói e investe em um lado inédito do personagem ao trabalhar seu lado trágico.
Wolverine Imortal chega aos cinemas em um momento peculiar para o gênero dos super-heróis. O ano de 2013 foi decisivo para a história e trajetória das adaptações histórias em quadrinhos para as telonas. Depois de um ano de 2012 com adaptações que se afastavam de qualquer obrigação estética ou narrativa com a linguagem de seu material fonte dando a grandiosidade do legado das aventuras e ficções-científicas que já agraciaram o cinema, as apostas foram todas paras as estreias deste ano. Apesar do roteiro furada de O Homem de Ferro 3 e do desastre inexplicável de O Homem de Aço, Wolverine- Imortal chega para alívio de muitos.
Dirigido por James Mangold (Johnny e June, Garota Interrompida) o filme consegue unir fidelidade visual, enquadramentos, cores e sombras que traduzem bem linguagem das HQs à liberdade criativa no roteiro, que muda papéis de alguns personagens na trama e não fica preso em excessos de reverência. O filme se permite até mesmo homenagear em, alguns momentos, o cinema japonês e investir em momentos cômicos que envolvem o herói e suas particularidades. Mesmo sendo um filme sombrio não se torna pesado demais, até mesmo a raiva de Wolverine quando vem à tona é sempre amenizada de alguma forma para que o personagem não cruze a barreira do tolerável. Algo, que se não fosse bem explorado, poderia aumentar sua classificação etária e causar um desastre financeiro, já que o público é formado, principalmente, por jovens.
Com todo esse equilíbrio, Wolverine consegue envolver até mesmo o leigo, que não será soterrado por referências e piadas internas, ao mesmo tempo em que respeita os fãs do herói, ao adaptar uma de suas histórias mais famosas dos quadrinhos sem que esta perca a sua essência, sem emburrecer os personagens. Não é um filme para quem leu ou não leu os gibis: é um filme que funciona como a leitura de um gibi em si. E para quem gosta de sair correndo do cinema depois do filme, a dica é: fique sentado! Há uma importante cena pós-créditos finais cheia de significados para quem conhece a história dos X-Men nos cinemas e nos quadrinhos.