Investimento e comprometimento do poder público formam a dobradinha que deu certo no incentivo à leitura na Colômbia. Além de criação de cinco grandes bibliotecas públicas em Bogotá, o governo criou uma rede de bibliotecas, que hoje contam com pelo menos 4,6 milhões de usuários. Esse exemplo foi apresentado na manhã de ontem (28) no Encontro Internacional de Bibliotecários e Intermediadores de Leitura, realizado na Jornada Nacional de Literatura. A experiência colombiana foi apresentada por Gloria Maria Rodriguez. “Bibliotecas são uma aposta pela dignidade e pela inclusão”, afirma ela, contando que na década de 1950, pelo menos dois terços das cidades colombianas contavam com bibliotecas públicas, mas que foram sumindo graças a falta de interesse
Mas essa história começou a mudar quando um grupo, no ano de 1978, criou uma rede nacional de bibliotecas com o objetivo de instalar pelo menos um espaço público de leitura em cada município. Essa rede mais tarde foi absorvida pelo então recém-criado Ministério da Cultura da Colômbia e ganhou força no final da década de 1990 com a criação do Plano Nacional de Leitura. Nessa mesma época, por volta de 1998, o governo do país definiu como uma de suas estratégias o aumento do acesso à leitura. Com isso, incentivou a construção de quatro grandes bibliotecas públicas, mas todas elas deveriam atender a quatro exigências básicas: estarem localizadas em pontos estratégicos, estar inseridas em áreas de grande concentração populacional, ter horário de atendimento ampliado, ficando abertas pelo período mínimo de 12 horas diárias, serem instaladas em prédios construídos com o objetivo de também embelezar as cidades e que esses espaços se constituíssem em centros de atividades culturais. No ano de 2001 foi construída a primeira biblioteca nesses moldes, compreendo um prédio rico em beleza, com espaços amplos e diferenciados de acesso à leitura e um teatro moderno. Em 2010, a quarta biblioteca encerrou o plano traçado pelo governo. Hoje esses espaços são constituídos também de salas de informática, salas de consulta multimídia, cafeterias e todos outros setores que fazem dessas bibliotecas públicas modelos para o mundo.
Atualmente, a Rede Nacional de Bibliotecas conta com a estrutura dessas quatro grandes bibliotecas, outras seis bibliotecas locais, 10 bibliotecas de bairros e uma biblioteca montada em um ônibus. “Essas ações possibilitaram a transformação radical no acesso à informação e cultura. Do total de usuários, 55% são pessoas das classes mais baixas”, comenta Gloria. De acordo com ela, o plano segue ainda com a formação de bibliotecários e dotação de pequenas bibliotecas para todos os municípios, com acervo inicial de 2.300 obras.