É ensurdecedor, mas nem por isso você quer que pare. A mesma batida não dura mais que alguns minutos, logo o batuque é outro e você está vidrado de novo. Impossível não acompanhar com o pé ou com a cabeça. Não demora muito e você está sorrindo, um pouco mais e você está suando, o som é forte e o movimento é quente, se não tentar resistir logo vai estar vibrando. Tudo bem que o calor chegou antes em Passo Fundo, mas dá pra dizer que AGORA SIM a Jornada esquentou pra valer.
Atração da segunda etapa da Jornadinha de Literatura, o grupo que faz parte do projeto AfroReggae veio na hora certa, bem quando chegou a vez dos (pré?) adolescentes tomarem as milhares de cadeiras e as arquibancadas do palco principal. Animada, descontraída e totalmente “sem vergonha”, é possível que essa seja a plateia mais receptiva da Jornada, já que adultos costumam ser menos efusivos e crianças podem ser mais tímidas ou distraídas. Começando pelo show de abertura e a apresentação da canção-tema por Humberto Gessinger – que até se empolgou com esse calor do público e fez um bis com Terra de Gigantes -, tudo foi festa para os jovens espectadores que resolveram esquecer que lá fora ainda era dia.
Após um bate-papo com a escritora Marcia Kupstas, de obras juvenis como O primeiro beijo e 9 Cois@s e-mail que eu odeio em você , o Afro Lata matou a saudade do palco da Jornada com uma apresentação furiosa, de furar os tímpanos. Mais adequado ao momento, impossível! Antes mesmo que eles pedissem, os jovens levantaram e dançaram ao som dos diferentes ritmos que iam desfilando pelos seus ouvidos, acompanhando cada virada com gritos, sussurros e suspiros. Pois além de trazer ao sul o melhor da típica batucada e outros ritmos brasileiros semelhantes, trouxeram também o calor característico de um país tropical: com sensualidade, malícia e muita alegria, colocaram todos pra mexer não somente ao som do batuque, mas também com uma palhinha do funk do momento “Ela não anda, ela desfila”, e do clássico “Eu só quero é ser feliz”. Uma prova de que às vezes, seja na música ou na própria literatura, o melhor é abrir a mente e descobrir o que cada coisa tem a oferecer.