Não pensaram duas vezes os jovens quando viram a câmera fotográfica. Entenderam a ideia na hora e aceitaram mostrar com o olhar deles como veem a Jornada Nacional de Literatura. Sem regras ou qualquer burocracia, o grupo pegou a pequena e resistente câmera antes de chegar no espaço onde se encontrariam com a escritora Marcia Kupstas e assistiriam às apresentações do espetáculo Encantares, de Emmanuel Marinho, e do grupo Afro Lata.
Revezaram-se. Uma, duas, três, dez, quantas vezes fossem necessárias para que os quatro pudessem mostrar o que estavam vendo por meio de fotos e vídeos. Quando alguém ficava tempo demais com o equipamento, logo tratavam de se reorganizar para que ninguém fosse excluído.
A câmera própria para registrar esportes de aventura foi emprestada pelo secretário Municipal de Educação Edemilson Brandão. O equipamento de poucos botões e sem a tradicional tela de LCD ou de LED dos equipamentos digitais não intimidou os adolescentes. Bastou uma explicação sobre como lidar e escolher as opções que eles saíram fotografando.
Das pessoas presentes aos bonecos utilizados no espetáculo, um pouco de tudo entrou no foco do quarteto. Se no início pareciam fotografar sem muito critério, aos poucos passaram a escolher melhor o que queriam registrar.
Foto ou vídeo?
Helena Bortoluzzi, 11 anos, estudante da Saint Patrick, optou, além das fotos pela filmagem. “Filmei o espetáculo. Quis mostrar as pessoas interagindo”, explicou. Já Guilherme Kripka, 13 anos, preferiu as fotografias. “Não tem porque gravar. É muito barulho”, justificou recebendo o apoio do colega Lucca Rassele, 13 anos. Sobre a experiência de fotografar o que acontecia o grupo concorda que passou a prestar mais atenção aos detalhes e no que achavam mais atrativo para registrar.
Uma ideia na cabeça...
Sobre a falta de um visualizador de imagens na câmera, a criatividade entrou em cena. “Tinha a ideia de como ia ficar. Projetava na minha mente e tirava as fotos”, contou Lucca. Já Guilherme apostou na sorte, mirava e tirava mais de uma foto do mesmo ângulo para garantir que alguma saísse boa.
Perto do palco
O palco onde tudo acontecia não foi o preferido dos pequenos. Apenas Cassiano Lisbôa, de 12 anos, se arriscou a chegar perto do palco para registrar o Afro Lata. Ele também foi o que mais circulou pelo espaço. “Fiz foto de tudo, de gente e até do dragão”, contou. Helena diz que preferiu não ir muito para a frente das pessoas por medo de atrapalhá-las durante o show. “Fiquei com um pouco de vergonha, e também pensei na questão do respeito. Quando a gente levantava para fotografar alguns reclamavam”, observou.